Esvaziada pelo desgaste do ‘capitão cloroquina’, a milícia ganha o reforço de dois presidiários de peso para tentar dar um gás na triste cruzada pela reeleição
A situação de Jair Bolsonaro não é das melhores. Não por acaso, o seu filho “03”, o bananinha, andou falando em arrumação de malas, em residir no exterior, etc. As pesquisas de opinião mostram que a rejeição aos desatinos do governo já está passando dos 60% em quase todas as capitais do país.
Se em 2018, na campanha de Bolsonaro, predominavam os lunáticos, terraplanistas e outros malucos, que faziam demagogia contra a corrupção, agora, se somaram à extrema-direita bolsonarista, os fascistas que são também famosos como profissionais da corrupção.
Os mais recentes membros da campanha pela reeleição de Bolsonaro são os presidiários Roberto Jefferson e Eduardo Cunha.
ROBERTO JEFFERSON
O primeiro escudeiro do “mito”, o ex-deputado Roberto Jefferson, até o mês passado estava cumprindo pena no Complexo Penitenciário de Bangu I, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Foi preso por ameaçar matar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele já esteve recolhido ao xilindró também por corrupção.
Nos últimos dias o fascista conseguiu ir para prisão domiciliar após simular problemas de saúde. Ele acaba de oferecer uma legenda de deputado pelo PTB, ao jornalista de extrema-direita que saudou Adolf Hitler e foi demitido da rádio Jovem Pan. Disse que o seu partido é o lugar certo para esse tipo de gente.
A última aquisição de Jefferson para a fracativa campanha bolsonarista foi a adesão ao seu partido, da Ação Integralista Brasileira (AIB). O velho grupo fascista conhecido como “bando de galinhas verdes”.
Eles ganharam esse apelido em 1934, após terem sido colocados para correr de uma praça do centro de São Paulo. Estavam todos de camisas verdes e queriam dar um golpe. O episódio em que os populares colocaram os fascistas para correr ficou conhecido como a “revoada dos galinhas verdes”. Pouco tempo depois eles foram banidos pelo governo Getúlio Vargas.
Agora eles se juntaram a Jefferson e às milícias digitais fascistas de Bolsonaro para tentar salvar o mais desastroso governo de todos os tempos.
EDUARDO CUNHA
O outro apoiador de peso de Bolsonaro é o também presidiário Eduardo Cunha. Este não chegou a ameaçar ninguém de morte. Estava atrás das grades por corrupção e formação de quadrilha. Foi condenado em vários processos a penas que somadas chegam a 55 anos.
Cunha desviou quantias milionárias de empresas públicas quando era presidente da Câmara dos Deputados. Ele depositou o dinheiro roubado em contas secretas em paraísos fiscais no nome da filha e da mulher. Todas essas contas foram descobertas e tornadas públicas na época dos processos. Ele foi cassado e preso.
Entre os principais processos do ex-presidente da Câmara está o ‘Quadrilhão do MDB’. Neste ele foi acusado de compor uma quadrilha dentro do MDB e de ter participado da cobrança de propinas de mais de R$ 587 milhões em órgãos como a Petrobras, Furnas, Caixa Econômica e o então Ministério da Integração Nacional. A denúncia foi feita pelo ex-PGR Rodrigo Janot.
Também houve a “Operação Manus/Lavat’. Nesta operação ligada à Lava-Jato, Eduardo Cunha foi acusado de ter recebido propina para favorecer empreiteiras no Rio Grande do Norte nas obras da Arena das Dunas, um dos estádios da Copa do Mundo de 2014. O Ministério Público estimou superfaturamento de R$ 77 milhões.
Cunha foi investigado na ‘Operação Cui Bono’. A operação foi um desdobramento da Operação Catalinárias, que investigava propinas na Caixa Econômica Federal. Cunha é réu no processo que corre na 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília. Ao todo foram quatro processos de desdobramento da operação que citam Eduardo Cunha.
A ‘Operação Benin foi internacional’. Embora tenha sido condenado em segunda instância, o STJ determinou que, antes de dar a questão por encerrada, o tribunal de segunda instância revise alguns valores que constam no processo. Também já há recursos no STF pendentes de julgamento. Neste processo ele foi condenado a uma pena de 14 anos e 6 meses no Tribunal Regional da 4ª Região (Porto Alegre).
Na Operação Sepsis, Cunha foi condenado em 1ª instância pela Justiça Federal de Brasília. Ele é acusado de corrupção na liberação de fundos do FGTS. A condenação do juiz Vallisney Souza Oliveira é de 24 anos e 10 meses de prisão. A prisão, no entanto, foi revogada pelo TRF1 em maio de 2021. Há um recurso de apelação no tribunal regional tentando reverter a condenação.
A última foi a ‘Operação Sondas’. Um esquema de corrupção em contratos da Petrobras fez com que Eduardo Cunha tenha sido condenado na ‘Operação Sondas’ a 15 anos e 11 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A decisão é do juiz Luiz Antônio Bonat, da 13ª Vara Federal de Curitiba. A propina recebida pelo ex-deputado vinha de contratos para o fornecimento de navios-sonda.
Utilizando-se da anulação das sentenças concedida ao ex-presidente Lula pelo Supremo Tribunal Federal, Eduardo Cunha está tentando também reverter as suas condenações. Ele está solto e já aderiu à campanha de reeleição de Bolsonaro. Há, segundo ele, identidade total entre os dois.
Cunha até já conseguiu um emprego de colunista num portal de notícias. Em suas colunas ele faz críticas aos adversários de Bolsonaro e apresenta uma série de sugestões para o novo aliado. Está em plena campanha. É a velha e tradicional aliança entre o fascismo e a corrupção. Agora assumida de forma mais explícita do que em 2018.