O amigo de Jair Bolsonaro e ex-deputado Roberto Jefferson admitiu que deu 60 tiros e jogou duas granadas com parafusos acoplados nos agentes da Polícia Federal que foram prendê-lo, em outubro de 2022, mas alega que não era para matá-los.
Jefferson estava em prisão domiciliar depois de atacar e ameaçar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Em outubro, depois de descumprir diversas regras da prisão domiciliar, o bolsonarista se recusou a ser levado pelos agentes da PF.
Ele prestou depoimento à PF nesta sexta-feira (26) por tentativa de homicídio, resistência qualificada e posse ilegal de arma e explosivos.
Quando viu os agentes, “peguei a carabina que fica do lado da minha cama e a bolsa com os três artefatos [granadas]. Fui pra varanda. Eles disseram que foram me prender e fazer busca na minha casa. Eu disse que não ia, que estava sendo perseguido pelo Alexandre de Moraes, e falei pra eles [policiais] saírem de lá”.
Jefferson mostrou que estava com as granadas e ameaçou os policiais. No depoimento, ele ainda tirou sarro dos agentes:
“Eles se abrigaram. A última a correr foi a menina. Eu até ri. Ela é igual a minha neta. Cabelinho preso”, disse.
Questionado sobre as granadas, Roberto Jefferson falou que as comprou em 2005 e que instalou os pregos para aumentar o dano causado. Mesmo assim, insistiu que não queria matar ninguém.
“Nunca na minha vida dei um tapa em ninguém”, dissimulou o amigo de Bolsonaro.
Os agentes saíram feridos do ataque. Jefferson falou apenas que “infelizmente fragmento de arma machuca”.
O caso aconteceu no dia 25 de outubro de 2022, na cidade de Levy Gasparian (RJ), antes do segundo turno das eleições presidenciais. Roberto Jefferson usou seu partido, o PTB, para ajudar Bolsonaro nos debates com o falso candidato “padre” Kelmon.
Jair Bolsonaro enviou seu ministro da Justiça, Anderson Torres, para atuar no caso. Torres está preso por ter participado da tentativa de golpe do dia 8 de janeiro.
Quatro dias depois do ataque de Roberto Jefferson, 29 de outubro, um dia antes do segundo turno, outra aliada de Jair Bolsonaro, a deputada Carla Zambelli (PL-SP), perseguiu um homem negro nas ruas de São Paulo após uma discussão política.