
Jair Bolsonaro foi recebido com protestos, nesta terça-feira (2), em Pistoia, Itália, onde há um monumento homenageando os brasileiros que morreram no combate aos fascistas na Segunda Guerra Mundial.
Cerca de 300 pessoas carregavam faixas e cartazes que diziam “fora Bolsonaro”.
Ele estava em companhia do senador direitista italiano Matteo Salvini, que pediu desculpas a Bolsonaro pelas manifestações contra seu governo.
O guardião do monumento em homenagem aos combatentes brasileiros, Mario Pereira, criticou a visita de Bolsonaro e Salvini, “visto o perfil ideológico dos dois”, “uma ideologia muito parecida com o nazifascismo”.
“O soldado desconhecido que fica ali no monumento vai se revoltar, meu pai, um pracinha que está no cemitério ali do lado, vai se revoltar muito, se revirar na tumba”, disse.
“Infelizmente, temos a ideologia contrária vindo homenagear quem combateu e derrotou o nazifascismo”, afirmou Pereira.
Mario Pereira, funcionário da Embaixada Brasileira, é filho do gaúcho Miguel Pereira, que foi à Itália para derrotar o fascismo. Durante a Guerra, Miguel conheceu Giuliana Menichini, e depois decidiu ficar na Itália para construir sua família.
Por ser o único pracinha brasileiro que permaneceu na Itália depois da Guerra, Miguel foi o responsável pelo Monumento Votivo Brasileiro entre 1966 a 2003, quando veio a falecer. Ele foi enterrado próximo ao monumento.
A partir de 2003, a responsabilidade passou para Mario Pereira, que hoje vê semelhanças entre o governo Bolsonaro e os fascistas da década de 1940 que seu pai combateu na Segunda Guerra.
Os dados oficiais mostram que pelo menos 465 brasileiros morreram em batalha na Itália. O monumento erguido em Pistoia homenageia a todos eles, mantendo um fogo eterno, a lista de nome dos combatentes e um altar em formato de véu.
MANIFESTAÇÕES
Bolsonaro tem sido alvo de manifestações contrárias desde que chegou à Itália na sexta-feira (29).
Manifestantes foram reprimidos com jatos d’água, bombas de gás lacrimogêneo e golpes de cassetetes em Pádua, onde Jair Bolsonaro foi fazer um passeio durante sua estadia na Itália, na segunda-feira (1).
Os jornais italianos registraram que pelo menos 600 pessoas estavam em frente à Basílica de Santo Antônio de Pádua, no norte da Itália, e chamavam Bolsonaro de “assassino”, “fascista” e “genocida”. Os manifestantes também pediam “fora Bolsonaro”.
A polícia local reprimiu a manifestação para a chegada de Jair Bolsonaro na cidade.
Também aconteceram manifestações contra Bolsonaro na cidade de Anguillara Veneta, onde ele foi receber o título de cidadão.
Os manifestantes cantavam “Salvini cretino, Bolsonaro assassino”, se referindo ao senador Matteo Salvini, da dirietista Liga Norte, conhecido por ter posições xenófobas.
Quando a Câmara decidiu homenagear Bolsonaro, os moradores da cidade já começaram a fazer movimentos contra, chegando até a pichar a Prefeitura com “fora Bolsonaro”.