Horas trabalhadas e utilização da capacidade instalada também caíram. Emprego teve variação nula
Após seis meses sem registrar recuo, o faturamento real da indústria de transformação apresentou queda em abril, variando -1,3% ante março, segundo a pesquisa Indicadores Industriais da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os números foram apresentados pela entidade na quarta-feira (31).
Este dado, somado à queda de 1,5% nas horas trabalhadas na produção e à variação nula do emprego e utilização da capacidade instalada no mês, aponta para uma “perda de dinamismo da indústria”.
“A pesquisa aponta continuidade da trajetória de desaceleração na indústria de transformação, que tem ocorrido desde 2022. Indicadores como o faturamento, as horas trabalhadas, o emprego e a utilização da capacidade instalada, que já mostravam perda de fôlego, apresentaram queda ou estabilidade em abril”, diz a economista da CNI Larissa Nocko.
O emprego industrial registrou variação de -0,1%, enquanto a utilização da capacidade instalada, de 0%. Os indicadores de massa salarial (+ 2,8%) e o rendimento médio anual (+2,6%) dos trabalhadores, por sua vez, apresentaram alta na passagem de março para abril.
O mesmo movimento ocorreu na comparação com os dados de abril de 2022: o faturamento recuou 0,3% e as horas trabalhadas na produção, -0,1%.
“Embora seja o primeiro recuo após seis meses sem apresentar comportamento negativo, o faturamento já vinha de uma trajetória de desaceleração desde 2022”, explica a entidade.
A utilização da capacidade instalada foi o indicador com a queda mais importante, de 2,3%. O emprego e massa salarial, por sua vez, registraram altas de 1,2 e 6%, respectivamente, no confronto anual.
Nas pesquisas da entidade, os juros altos da economia têm aparecido como o principal fator de involução dos indicadores da indústria – sendo relatado como principal problema pela maior parte do empresariado.
“A Selic em 13,75% ao ano está em um nível que restringe excessivamente a atividade econômica. É mais do que suficiente para garantir a manutenção da trajetória de desaceleração da inflação nos próximos meses. E, volto a dizer o que disse no Senado há poucos dias: as empresas estão tomando crédito a mais de 30% e o setor produtivo não aguenta pagar esse nível de juros”, afirmou Robson Andrade, presidente da CNI, em nota, após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de manter a Selic nesse patamar no início do mês.
Nesta quinta-feira (1/6), o IBGE divulgou o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre deste ano em comparação com o último trimestre do ano passado. O PIB cresceu 1,9%. Apesar da alta, incrementada pela agropecuária cujo aumento foi de 21,6%, a indústria em geral registrou queda de 0,1%, sendo que a indústria de transformação caiu 0,6% e a construção civil recuou 0,8%.