Desaquecimento da atividade industrial, com recrudescimento da pandemia e sem ajuda emergencial, também provocou retração da massa salarial (-1,1%), do rendimento médio (-1,8%) e da utilização da capacidade instalada (-0,4 ponto percentual)
A pesquisa Indicadores Industriais de fevereiro da Confederação Nacional da Indústria aponta redução nas horas trabalhadas, na massa salarial e no faturamento e, por outro lado, que houve aumento da ociosidade do parque industrial.
As horas trabalhadas na produção caíram 0,5%, enquanto o faturamento recuou -3,3% no mês. “Com a queda, o faturamento real voltou ao nível de novembro de 2020, desfazendo os ganhos de dezembro e de janeiro”, registrou a entidade na pesquisa divulgada dia 8 de abril.
O setor também sente o recrudescimento da pandemia que paralisou a produção de vários segmentos para salvar vidas frente ao avanço da doença, a falta de vacinas e do sistema de saúde colapsado. Além do fim das medidas emergenciais que ajudaram as micro, pequenas e médias indústrias a enfrentarem o período de crise sanitária e as consequências sobre as empresas e os trabalhadores, e que até agora não foram renovadas, como o Pronampe e o BEm – programa de redução de jornada e salário, com apoio do governo federal, sem prejuízo às empresas e trabalhadores. Programas que foram implementados no ano passado por decisão do Congresso Nacional.
O “desaquecimento da atividade industrial”, na avaliação da CNI, também provocou retração de 1,1% na massa salarial e de -1,8% do rendimento médio. Já a utilização da capacidade instalada caiu 0,4 ponto percentual.
“A massa salarial permanece abaixo do patamar pré-crise, estando 1,3% menor que em fevereiro de 2020. Na comparação com fevereiro de 2020, a queda é de 0,7%. O rendimento médio real se encontra no menor valor desde julho de 2020 e se encontra 2,3% menor que no mesmo mês do ano passado”, aponta a CNI.
O setor industrial também expressa preocupação com o indicador de emprego, embora este não tenha apresentado queda em fevereiro. “Os demais dados mostram a interrupção da tendência de alta da atividade industrial, o que pode se refletir no emprego mais para a frente”, afirma o economista Marcelo Azevedo.
No mês de fevereiro, a produção industrial medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística recuou -0,7%, “após nove altas seguidas”. A queda atingiu 10 das 15 regiões pesquisadas. Com o resultado, o volume de produção do setor já acumula perdas de 4,2% em 12 meses.
Com a pandemia, a produção industrial que já não vinha lá essas coisa, após a queda de 19,5% em abril, subiu 8,7% em maio, em junho 9,4% e em julho 8,7%, mas começou a desacelerar em agosto: (3,4%), setembro (2,8%), outubro (1,0%), novembro (1,0%), dezembro (0,8%), janeiro (0,4%) e recuou em fevereiro (-0,7%).
Segundo o IBGE, a produção nacional da indústria recuou -1,1% no ano de 2019 e -4,5% em 2020, após dois anos seguidos de crescimento em 2017 (2,5%) e 2018 (1%).