Favorito para premiê inglês condena ação contra Irã

Boris Johnson é o favorito na disputa interna no Partido Conservador para tornar-se o sucessor da renunciante premiê May. (Foto: Reuters/Peter Nicholls)

“A resposta é não”, afirmou o ex-chanceler inglês e ex-prefeito de Londres, Boris Johnson, favorito na disputa para a escolha do primeiro-ministro conservador em substituição à demissionária Theresa May nesta terça-feira, ao ser perguntado, durante debate no parlamento, se “apoiaria uma ação contra o Irã?”, diante da crise no Golfo Pérsico em decorrência da captura de petroleiros.

O ex-chefe da Marinha Real, almirante Lord West, havia advertido a “quem vencer” a disputa pelo cargo de que “há riscos muito reais de um erro de cálculo ou de uma ação imprudente levarem à guerra”. Ele alertou, ainda, que essa crise “não pode ser ignorada por causa do Brexit”.

Há duas semanas, atendendo a ordens de Washington, o governo May sequestrou diante de Gibraltar, na entrada do Mar Mediterrâneo, um superpetroleiro iraniano, com carga de 2,1 milhões de barris, e persistiu na provocação ao induzir uma corte local a manter a apreensão por mais 30 dias.

Também o líder da oposição britânica, Jeremy Corbyn, advertiu contra a escalada e o risco de “um conflito mais profundo”, o que atribuiu à decisão do presidente Trump de acabar com o acordo nuclear com o Irã. Para Corbyn, “a reintegração negociada do acordo nuclear através da ONU é essencial para reduzir as tensões e neutralizar a ameaça de guerra no Golfo”.

O pretexto para o ato de pirataria foi suposta sanção da União Europeia contra o fornecimento de petróleo à Síria. Como lembrou o ex-primeiro-ministro sueco Carl Bidt, o Irã não é membro da União Europeia, a UE não impõe suas sanções aos outros, “é os EUA que o fazem” – e assim o superpetroleiro não poderia ter sido tomado com base nessa alegação.

PETROLEIRO “STENA IMPERO” DE BANDEIRA INGLESA

Horas após a prorrogação do confisco ilegal do superpetroleiro iraniano Grace 1, o que passava por cima das conversações com Teerã para uma saída negociada, o Irã anunciou a captura de um petroleiro de bandeira britânica no Estreito de Ormuz, após violar as normas internacionais na mais estreita (a hidrovia tem 3 km de largura) e congestionada via de passagem de petróleo do mundo, com 20% do petróleo exportado.

O governo de Teerã acusou o petroleiro Stena Impero de ter desligado o dispositivo de GPS, poluído as águas, violar rotas e abalroado um barco pesqueiro, sendo então capturado em uma operação que envolveu vários barcos menores e um helicóptero.

A Rússia, através de seu vice-chanceler, Sergei Ryabkov, afirmou que “são mais convincentes” as razões apresentadas por Teerã para o confisco do barco britânico do que as usadas por Londres. “Os argumentos do Irã são muito mais corretos do que os de Gibraltar e Londres, que estão se entregando à pirataria”, acrescentou. “O Irã está cuidando da ecologia no Estreito de Ormuz.”

Também o embaixador russo junto às organizações internacionais em Viena, na Áustria, Mikhail Ulyanov, contestou declaração do conselheiro de segurança nacional do regime Trump, John Bolton, de que o Irã deveria ser proibido de enriquecer urânio “em qualquer nível”, lembrando que esse direito está consagrado no Tratado de Não-Proliferação. “Esse é seu direito inalienável, e ninguém pode negar-lhes esse direito”, enfatizou.

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