O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, tentou vender um relógio Rolex “cravejado de platina e diamante” por R$ 300 mil.
O relógio foi dado de “presente” pela família real da Arábia Saudita, demonstram documentos obtidos pela CPI do Golpe.
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito conseguiu acesso a dois e-mails trocados por Mauro Cid com uma assessora de Jair Bolsonaro e outros documentos do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência que confirmam a existência do relógio de luxo.
No primeiro e-mail, a assessora pergunta a Mauro Cid se ele tinha o certificado original do relógio Rolex.
Na época, de acordo com relatórios, Mauro Cid se correspondia com Maria Farani, que assessorava o Gabinete Adjunto de Informações do gabinete pessoal de Bolsonaro. Ela
foi desligada da Presidência da República em janeiro de 2023.
Pelas conversas, o ex-faz-tudo de Bolsonaro e a assessora já tinham conversado sobre a possibilidade da venda do relógio, uma vez que ela diz que “o mercado de rolex usado está em baixa, especialmente para os relógios cravejados de platina e diamante, já que o valor é tão alto”.
Em resposta, Mauro Cid contou que “não temos o certificado desse relógio, já que foi um presente recebido em viagem oficial”.
“O que nós temos é o selo verde de certificado que vai junto com o relógio. E eu também posso garantir que o relógio nunca foi usado. Eu gostaria de receber a quantia de US$ 60 mil”.
Pela cotação atual, US$ 60 mil equivale a aproximadamente R$ 300 mil.
Outros documentos obtidos pela CPI do Golpe, cujo teor foi publicado pela GloboNews, mostram que o relógio de luxo foi recebido em um almoço com a família real da Arábia Saudita, no dia 30 de outubro de 2019.
No dia 11 do mês seguinte, o relógio foi inserido no “acervo privado”, ou seja, que não é do Estado brasileiro, gerido pelo Gabinete Adjunto de Documentação Histórica.
Em 6 de junho de 2022, o relógio Rolex foi liberado pelo Gabinete. Na mesma data, Mauro Cid trocou os e-mails citados com a assessora de Jair Bolsonaro.
Os documentos não confirmam se o relógio foi ou não vendido, assim como se a assessora de Jair Bolsonaro era uma compradora ou uma intermediária.
A história se assemelha com os “presentes” que Jair Bolsonaro recebeu da família real da Arábia Saudita, inclusive nessa mesma viagem feita em 2019.
O ex-presidente recebeu em mãos um relógio da marca Rolex, um anel em ouro branco com diamantes, uma caneta da marca de luxo Chopard, um par de abotoaduras em ouro branco com diamantes e um rosário islâmico.
Esses objetos de luxo dados pelo regime da Arábia Saudita não foram declarados à Receita Federal por Jair Bolsonaro quando trazidos para o Brasil.
Enquanto pessoas em cargos públicos, eles não poderiam receber presentes de alto valor. Quando não declararam à Receita, incorrem em outras infrações.
Mauro Cid está preso desde maio por participar de um grupo que fraudou dados no sistema do Ministério da Saúde para fazer cartões de vacinação falsificados.
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que analisou as contas de Mauro Cid, identificou movimentações financeiras “atípicas” e “incompatíveis com o patrimônio” realizadas por ele.
Uma delas foi a transferência para o Estados Unidos de R$ 367.374 em janeiro de 2023, sete meses depois de Cid retirar o relógio do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica para vendê-lo.
Mauro Cid movimentou, entre junho de 2022 e janeiro de 2023, R$ 3,2 milhões em suas contas bancárias. O valor é completamente incompatível com o salário de R$ 26 mil de tenente-coronel do Exército.
bolsonaro e sua corja golpista agem como alguém que está se afogando, e se debate desesperadamente na esperança de ser visto e resgatado por alguém, no caso a mídia sabuja..