O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou movimentações financeiras “atípicas” e “incompatíveis com o patrimônio” nas contas bancárias do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, indicando a possibilidade de lavagem de dinheiro.
Somente entre junho de 2022 e janeiro de 2023, Mauro Cid movimentou R$ 3,2 milhões em suas contas, uma vez que recebeu R$ 1,8 milhão e gastou R$ 1,4 milhão.
As informações são do Globo.
Enquanto tenente-coronel do Exército, Mauro Cid recebe um salário de R$ 26,2 mil.
O relatório produzido pelo Coaf registrou a “movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, atividade econômica ou a ocupação profissional e capacidade financeira do cliente”.
O documento destacou que quatro pessoas faziam transferências para Cid, sendo um “caixeiro viajante”, que é como um representante de vendas, um ourives, um tio de sua esposa e o sargento Luis Marcos dos Reis, que era seu subordinado na Ajudância de Ordens de Jair Bolsonaro.
“Considerando a movimentação atípica sem justificativa e as citações desabonadoras na mídia tanto do analisado como do principal beneficiário, comunicamos pela possibilidade de constituir em vício do crime de lavagem de dinheiro ou com ela relacionar-se”, disse o Coaf no relatório.
Luis Marcos dos Reis, que foi preso pela PF em maio, é investigado por fazer saques de sua própria conta para pagar contas da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
Reis esteve presente na tentativa de golpe do dia 8 de janeiro, conforme mostram registros que ele próprio fez durante a invasão às sedes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
O Coaf ainda destacou sobre as movimentações de Mauro Cid uma transferência, em janeiro, de R$ 367.374 para uma conta nos Estados Unidos. Cid deixou o Brasil, junto com seu chefe, Jair Bolsonaro, em dezembro, para não presenciar a posse de Lula.
“Considerando a movimentação elevada, o que poderia indicar tentativa de burla fiscal e/ou ocultação de patrimônio e demais atipicidades apontadas, comunicamos pela possibilidade de constituir-se indícios do crime de lavagem de dinheiro ou com ele relacionar-se”, continuou o Coaf.
Mauro Cid está preso desde o dia 3 de maio por fazer parte de uma quadrilha que fraudou dados no sistema do SUS para falsificar cartões de vacinação.
Cid fraudou os cartões de Jair Bolsonaro e seus familiares para incluir uma falsa vacinação contra Covid-19.
O ex-ajudante de ordens também falsificou o seu próprio cartão, o de sua esposa e de suas filhas, sendo elas menores de idade.
As falsificações aconteceram em dezembro de 2022, quando Mauro Cid e Jair Bolsonaro arrumavam as malas para viajar para os Estados Unidos.
O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, afirmou que “não é crível” que Jair Bolsonaro não soubesse da ação criminosa de Mauro Cid acerca da falsificação.
Durante as investigações, a Polícia Federal encontrou conversas de Mauro Cid com aliados, em dezembro, sobre um golpe de estado para manter Bolsonaro no poder.