O nome Emival Eterno da Costa, o cantor Leonardo, foi inserido no Cadastro de empregadores que submeteram seus trabalhadores a condições análogas à escravidão. A chamada “lista suja” do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) foi atualizada, nesta segunda-feira (7,) pela Secretaria de Inspeção do Trabalho e nesta edição foram incluídos 176 nomes. A lista é atualizada a cada 6 meses.
A inserção de Leonardo na lista ocorreu após uma fiscalização realizada pelo MTE em sua fazenda Talismã, em Jussara (GO), região noroeste de Goiás. De acordo com o documento, foram encontrados seis trabalhadores em condições análogas à escravidão, entre eles, um adolescente de 17 anos.
O cantor foi um dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que durante seu mandato defendeu empresários responsabilizados por trabalho análogo ao de escravo, atacou equipes de fiscalização que resgatavam pessoas e ameaçou revogar a principal lei aprovada nos últimos anos para combater esse crime. Há registros de declarações em 2019, 2020, 2021 e 2022.
Os trabalhadores foram resgatados em uma segunda fazenda do cantor bolsonarista, a Lakanka, vizinha à Talismã, que também pertence a Leonardo. Em 2022, o terreno foi arrendado para um terceiro, encarregado do plantio de grãos. Mas, segundo o relatório da fiscalização, a limpeza e preparação do local ainda seriam responsabilidades do cantor, motivo que levou Leonardo a ser identificado como o empregador.
Em situação desumana, os trabalhadores sequer tinham acesso a condições mínimas de higiene. “Não tem chuveiro, não tem pia e o local está extremamente sujo, com muitas fezes de morcego”, disse o adolescente aos auditores, durante a fiscalização. Segundo o depoimento de outros trabalhadores, formigas e cupins “andavam por cima” de seus corpos quando eles deitavam para dormir. Outro empregado relatou ter adoecido depois de uma chuva molhar sua cama – o telhado estava sem manutenção e as telhas, deslocadas.
Além das seis pessoas resgatadas, outras 12 foram encontradas trabalhando sem carteira assinada “na mais completa informalidade”, diz o documento. Os empregados acordavam antes das 6h da manhã e às 7h já estavam arrancando pedras, raízes e tocos de árvores sem qualquer equipamento de proteção. As refeições eram feitas embaixo de uma árvore e a água armazenada em quatro garrafas térmicas.
Em suas redes sociais, Leonardo justificou que a propriedade estava arrendada e que já plantou tomate, por isso, supostamente, jamais faria isso com outra pessoa.