Ao defender a privatização da Eletrobrás, Meirelles fez uma comparação com a entrega da telefonia, que redundou na desnacionalização do antigo Sistema Telebrás, descumprimento de metas, injeção de dinheiro do BNDES nas concessionárias e na formação de uma empresa como a Oi, totalmente atolada em uma dívida de mais de 48 bilhões.
“Acompanhamos há mais de 20 anos a privatização da Telebrás e sabemos o resultado disso para o país. As linhas de telefone valiam dinheiro porque estatais não tinham capacidade de vender novas linhas”, disse o ministro da JBS, após participar de evento em São Paulo, na terça-feira (7).
Segundo Meirelles, por causa da situação fiscal, o governo não tem como investir na Eletrobrás. “A entrada de capital privado vai permitir uma série de coisas importantes, viabilizará investimentos. Também haverá maior transparência na gestão”, afirmou. Por causa da “situação fiscal”, o governo não tem dinheiro para investir em nenhum setor, pois os recursos são desviados para os bancos e demais parasitas, via gastos com juros.
É risível dizer que haverá maior transparência de gestão ao passar as empresas do Grupo Eletrobrás para as mãos do capital privado. Vide a “transparência” de gestão na Odebrecht, com seu departamento de propina, JBS, Oi etc.
Atualmente, a União possui pouco mais de 60% das ações da Eletrobrás. O governo pretende diminuir essa participação para menos de 40%, segundo anunciou a investidores espanhóis, em Madri. A estimativa do governo é de arrecadar R$ 12 bilhões com a privatização, que irão para o ralo de gasto com juros.
Na quarta-feira (8), o Conselho do Programa de Parceria de Investimentos (PPI) propôs míseros R$ 50 mil por cada uma das seis distribuidoras da estatal: Boa Vista Energia (Roraima), Centrais Elétricas de Rondônia, Companhia de Eletricidade do Acre, Companhia Energética de Alagoas, Companhia Energética do Piauí e Amazonas Distribuidora de Energia.
Para o professor Ronaldo Bicalho, pesquisador do Grupo de Economia da Energia do IE-UFRJ e diretor do Ilumina, “a privatização da Eletrobrás e a liberalização do mercado elétrico brasileiro são propostas que aceleram a desestruturação do setor elétrico brasileiro, apostam naquela estratégia mais descolada da nossa base de recursos naturais e da infraestrutura industrial do setor, e constituem uma volta aos fracassos do passado, combinando ignorância, arrogância e má-fé”.
VALDO ALBUQUERQUE