Após quase nove semanas, as negociações entre democrata-cristãos, verdes e liberais para formação da coalizão de governo na Alemanha entraram em colapso, após a retirada dos liberais (FDP), o que levou a primeira-ministra Ângela Merkel a admitir até mesmo novas eleições, já que não considera sustentável um governo de minoria. A coalizão tentada por Merkel foi apelidada de “Jamaica” pelos meios de comunicação alemães, porque os partidos integrantes têm as cores da bandeira jamaicana.
A situação é sem precedentes no pós-guerra, com o presidente da república, o social-democrata Franz-Walter Steinmeir, conclamando todos a ajudarem a “encontrar uma solução”. A posição atual dos líderes social-democratas é não reeditar a chamada “grande coalizão” com os democrata-cristãos que governou o país no período anterior.
Nas eleições de setembro, o CDU/CSU de Merkel obteve o pior resultado desde 1949, caindo para 33% dos votos e 246 deputados. Os social-democratas ficaram em segundo, com 20,5% e 153 deputados. O partido de extrema-direita AfD teve 13%. Desde que o SPD, no governo Schroeder, enfiou a sua ‘reforma trabalhista’ goela abaixo dos trabalhadores alemães, os social-democratas não conseguem vencer uma eleição nacional.
As negociações da coalizão para sustentar mais um governo Merkel emperraram, dada a impossibilidade até aqui em concordarem sobre a política de refugiados e asilo, alcance do fechamento de usinas de energia a carvão e medidas para manutenção do “austericídio”, como a eliminação do chamado “imposto de solidariedade” destinado a minorar o depauperado leste anexado.