Manifesto assinado por representantes do sistema financeiro e da indústria pede “estabilidade institucional” e defende “foco em ações e medidas urgentes e necessárias para que o Brasil supere a pandemia, volte a crescer, a gerar empregos e assim possa reduzir as carências sociais que atingem amplos segmentos da população”. Isolado, Bolsonaro manda tirar BB e Caixa da entidade
Após a decisão da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), aprovada em votação, de assinar um manifesto capitaneado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), intitulado “A Praça dos Três Poderes”, em defesa da democracia, Bolsonaro mandou os dirigentes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal romperem com a entidade.
Os dois bancos teriam encaminhado nota à Febraban, comunicando a saída da entidade caso o manifesto seja publicado na próxima terça-feira, como foi anunciado.
Segundo trecho do manifesto, divulgado pelo colunista Lauro Jardim, “as entidades da sociedade civil que assinam esse manifesto veem com grande preocupação a escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas. O momento exige serenidade, diálogo, pacificação política, estabilidade institucional e, sobretudo, foco em ações e medidas urgentes e necessárias para que o Brasil supere a pandemia, volte a crescer, gerar empregos e assim reduzir as carências sociais que atingem amplos segmentos da população”.
Durante os últimos dias, os presidentes da Caixa e do BB tentaram impedir que a Febraban assinasse o documento, mas foi em vão. Na sexta-feira (28), a entidade aprovou a participação no manifesto. Entre os bancos que apoiaram a decisão estavam Bradesco, Itaú, Credit Suisse, JP Morgan, BTG, Safra, Santander e muitos outros. O manifesto da indústria e dos bancos em protesto contra as pretensões golpistas do Planalto isolam ainda mais o governo Bolsonaro.
A decisão de retirar o Banco do Brasil e a Caixa da Febraban foi levada ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que concordaram com a decisão por considerarem que o documento é uma manifestação contra Bolsonaro.
“O Brasil já está crescendo, a economia está em ‘retomada em V’ e já está gerando empregos” e, portanto, “o manifesto não faz sentido”, defenderam assessores do Planalto negando o desemprego recorde, a carestia, e o aumento da fome e da miséria do povo brasileiro. Cada vez menos setores sociais seguem acreditando do discurso belicista e golpista de Bolsonaro e no irrealismo fantasioso de Guedes.