
Diante do prejuízo bilionário apresentado pelos Correios em 2024 e os cortes de direitos dos funcionários que estão sendo implementados pela direção da empresa como forma de enfrentar a crise financeira, a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) publicou, na segunda-feira (12), uma carta cobrando explicações do governo federal.
Entre as medidas repudiadas pela entidade estão a suspensão de férias e trabalho remoto dos funcionários, entre outras. “Não aceitaremos retrocessos ou retirada de direitos. Elegemos este governo com a esperança de reconstruir tudo o que foi desmontado nos últimos anos e seguiremos firmes na luta para que isso se concretize”, afirma a carta.
No documento, a federação cobra do governo um plano urgente de investimentos visando manter os serviços prestados e capacidade de disputar com empresas privadas de entregas.
Na carta, a direção da entidade informa ainda que, no próximo dia 21/05, será lançado o Comitê em Defesa dos Correios da Fentect. “Esse comitê será composto por representantes sindicais de todo o país e terá como missão mobilizar o Congresso Nacional, buscando uma audiência com o presidente Lula, para que ele conheça a realidade enfrentada pelos trabalhadores e ajude, mais uma vez, a salvar nossa empresa”.
Para Elias Divisa, presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de São Paulo (Sintect-SP), a empresa está sofrendo com a má gestão do presidente. “O que estamos fazendo é reivindicar do governo a devolução de R$ 6 bilhões que foram retirados da empresa durante o governo Dilma. É um reinvestimento extremamente necessário”, afirma.
Em 2024, a estatal fechou o ano com déficit de R$ 2,6 bilhões – déficit quatro vezes maior do que o registrado no ano anterior, que foi de R$ 597 milhões. A partir daí os Correios anunciaram uma série de medidas que fazem parte de um plano de redução de despesas.
Além da suspensão das férias e convocação para o retorno ao regime de trabalho presencial, que só entrarão em vigor a partir de junho, outras medidas já começam a valer, como a prorrogação das inscrições para o Programa de Desligamento Voluntário (PDV) – até 18 de maio de 2025; incentivo à redução da jornada de trabalho, com ajuste proporcional de remuneração para empregados lotados em unidades administrativas; revisão da estrutura do Correios-Sede, com redução de pelo menos 20% do orçamento de funções, e redução dos planos de saúde.
Surpreendida pelas medidas, além do lançamento da carta, e início de uma ampla mobilização da categoria, a direção da Fentect anunciou que vai tomar medidas jurídicas imediatas para reverter as decisões que suspendem as férias e o trabalho remoto.