Foram trazidos do campo para São Paulo cerca de 560 toneladas de produtos in natura, com mais de 1.730 itens comercializados na feira por onde passaram 320 mil pessoas. Também foram destinadas 38 toneladas de alimentos para 24 entidades da cidade, que vão beneficiar famílias carentes.
Presente à feira anual de orgânicos promovida pelo Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST), no Parque da Água Branca, Zona Oeste de São Paulo, o vice-presidente da República Geraldo Alckmin manifestou apoio à reforma agrária.
“O governo do presidente Lula, todos nós defendemos à reforma agrária, ela é importante, aliás, São Paulo dá a face há mais de 30 anos através da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp)”, afirmou.
“Eu sempre compareço nas feiras. É importante para mostrar os produtos, mostrar o trabalho que pouca gente conhece no Brasil, um trabalho sério de quem está no campo produzindo alimento, boas cooperativas”, acrescentou Alckmin.
A 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária aconteceu entre 11 e 14 de maio, reunindo mais de 1.700 produtores agroecológicos de todo o país, organizados em 191 cooperativas e associações de agricultores familiares, em uma grande mostra da luta pela democratização da terra e pela soberania alimentar.
Com uma programação cultural gratuita, a Feira contou com shows de diversos artistas, como Zeca Baleiro e Alessandra Leão, Thiago Oproprio e Jorge Aragão, Gaby Amarantos e Johnny Hooker, Camisa Verde e Branco, e um fechamento especial com o Show “Terraça”. Também teve a participação de grupos populares, intervenções, e muita música. Ao todo, 412 artistas participaram do evento, além de diversos influenciadores, comunicadores e apoiadores do MST do Brasil e de outros países.
Foram trazidos do campo para São Paulo cerca de 560 toneladas de produtos in natura, reunido uma diversidade de produtos com mais de 1730 itens diferentes, comercializados na feira por onde passaram 320 mil pessoas durante os quatro dias de Feira. Também foram destinadas 38 toneladas de alimentos para 24 entidades da cidade, que vão beneficiar famílias carentes.
DIÁLOGO
A Feira também foi um momento de aproximação e diálogo entre governos municipais, estaduais e federal, que contou com a presença de ministros, parlamentares e organizações populares parceiras para defender à formulação de políticas públicas voltadas ao assentamento das famílias acampadas no país, como estratégia de combate à fome.
“Nós precisamos construir uma sinergia dos movimentos sociais, da sociedade civil brasileira e do governo democrático do presidente Lula, para avançarmos com um verdadeiro Programa Nacional de Reforma Agrária, defendeu Diego Moreira, da coordenação nacional do setor de produção do MST.
“Um programa nacional que vise desenvolver os assentamentos existentes, as mais de 500 mil famílias assentadas pelo país, já organizadas na base do MST, e assentar as mais de 80 mil famílias acampadas, com o desafio de enfrentar o tema da fome nesse país”, completou Diego.
REFORMA AGRÁRIA
Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário, que assim como o vice-presidente também compareceu ao evento no sábado, informou que o governo federal anunciará, ainda este mês, a retomada de uma série de ações com vistas a promover a redistribuição de terras improdutivas.
“Agora em maio, o presidente Lula vai anunciar o programa de reforma agrária. A reforma agrária vai voltar para o Brasil. [Vamos] distribuir terras e recuperar terras que estejam improdutivas, destinando-as à reforma agrária”, disse Teixeira. Ele acrescentou que além de distribuir terras, o governo fornecerá crédito e assistência técnica aos assentados, estimulando a formação de cooperativas e agroindústrias.
Paulo Teixeira disse ainda que o MST “produz comida saudável e igualdade social” em um país que, segundo ele, deixou de colher alimentos para a população a fim de produzir commodities agrícolas vendidas a outros países.
“Diminuiu a produção de arroz, feijão, mandioca, hortaliças, legumes e de frutas”, elencou Teixeira, que atribui ao movimento a expertise [competência] em produzir alimentos livres de agrotóxicos que podem contribuir para a segurança alimentar nacional.
Em defesa do movimento, o ministro ainda teceu críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto pela manutenção da alta taxa de juros, que “está levando muitos brasileiros à extrema pobreza e à miséria”.
“Se [quem quer investigar o MST] quiser descobrir um homem que está criando uma balbúrdia, uma baderna neste país, eles vão achar o Roberto Campos Neto, que está fazendo o maior juro da face da terra e levando muitos brasileiros à extrema pobreza e à miséria”, opinou.
Durante a feira de orgânicos, o MST defendeu a ampliação de políticas estruturantes para a produção de alimentos saudáveis e a agroindustrialização dos assentamentos, além de incentivos na área da recuperação ambiental.
“Precisamos ampliar a produção de alimentos na sua diversidade, mas também num programa que incentive a agricultura familiar no processo de agroindustrialização para Reforma Agrária, ressaltando essa diversidade, mas também criando possibilidade de recuperar o passivo ambiental, disse Giselda Coelho, da coordenação nacional do setor de produção do MST.
A feira de orgânicos dos trabalhadores sem terra também teve espaços de educação e debates políticos, com 15 atividades de formação, entre seminários e oficinas, que atraíram mais de 2 mil pessoas.
No evento, ocorreram seminários, oficinas, debates e lançamentos de livros sobre temas ligados à agroecologia, feminismo, luta antirracista, educação do campo, Reforma Agrária Popular e conjuntura nacional.