Precariedade do estado mental do presidente dos EUA de volta à berlinda e às redes sociais
Não fosse a maleta vermelha dos códigos nucleares, seria talvez só mais um deslize do presidente Joe Biden, que voltou a tratar sua vice, Kamala Harris, como “grande presidente”, ao falar sobre o aniversário dela, que transcorreu no dia 20.
“Era o aniversário da Kamala. Ela acabou de completar 30 anos. Feliz aniversário para uma grande presidente, sabemos que sua mãe sempre a apoia”, declarou Biden, aparentemente sem perceber o erro. Aliás, os erros: Kamala completou 58 anos.
Não é a primeira vez que Biden se confunde sobre quem ele é e quem é Kamala. Em janeiro de 2022, durante uma palestra na Universidade de Atlanta, Biden cometeu o mesmo erro ao falar sobre os distúrbios do Capitólio de 6 de janeiro de 2021. “Na semana passada, a presidente Harris e eu estávamos no Capitólio para observar um daqueles momentos antes e depois da história americana”, disse Biden, sem reparar no tropeço.
Em outro lapso, o presidente norte-americano saudou a eleição do novo primeiro-ministro britânico Rishi Sunak, chamando-o de “Rashi Sanuk”.
Em suma, por mais que os porta-vozes da Casa Branca se esforcem para passar o pano, o estado mental do presidente norte-americano insiste em voltar à berlinda e, segundo pesquisas, já é motivo de preocupação para 36% dos entrevistados.
Antes, em março de 2021, Biden, em outra conferência, havia chamado Kamala Harris de “primeira-dama” ao se referir ao marido da vice, Doug Emhoff, que adoecera de Covid-19. “Tivemos um pequeno acerto de quem estava no palco porque o marido da primeira-dama contraiu Covid”, declarou ele na época.
Há duas semanas, ao discursar no Estado do Colorado, Biden asseverou que seu filho Beau “perdeu a vida no Iraque” – ou seja, confundiu (por anos) a data da morte do primogênito; confundiu o local (por milhares de quilômetros), e também a causa da morte (de câncer na cabeça, não na guerra).
Beau não “morreu no Iraque” como Biden relatou no comício, mas nos EUA, em 2015, dois anos após ter um câncer diagnosticado. Ele havia servido no Iraque de outubro de 2008 a setembro de 2009. Ou seja, a morte ocorreu quase seis anos após sua participação na guerra.
Naturalmente, as redes sociais não perdoam: viralizou o episódio em que Biden, após um discurso, foi flagrado pelas câmeras se dirigindo a um espaço vazio e estendendo a mão para cumprimentar uma pessoa inexistente.
Em outra situação parecida, durante uma conferência sobre a luta contra a AIDS, depois de terminar seu discurso Biden se mostra desorientado e parece não saber para onde ir. Quis sair do palco, mas depois ficou imóvel, virando para vários lados sem qualquer direção.
Há algumas semanas Biden garantiu que entrou no Senado do país “há 720 anos”. No final de setembro, Biden se dirigiu à deputada Jackie Walorski, que havia morrido no mês anterior em um acidente de trânsito, e perguntou se ela estava na sala durante uma conferência na Casa Branca.
Recentemente, Biden teve de admitir não ser verdade uma história que vive repetindo, de que teria sido preso quando tentava ver Nelson Mandela. Em julho Biden asseverou que tinha câncer de pele devido à poluição ambiental, o que contradiz relatório do final de 2021 de seu médico Kevin O’Connor, segundo o qual o presidente não apresenta “áreas suspeitas de câncer de pele no momento”.
No início do mês, a secretária de Imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre confirmou que Biden pretende concorrer à reeleição em 2024. Apesar de que, em julho, o New York Times relatou, com base em “fontes”, que a avaliação da resposta à idade por Biden estava crescentemente se tornando um problema para seu governo. Seu “nível de energia” já não é como antes, admitiram.
Segundo o Wall Street Journal, os lapsos e confusão mental de Biden já viraram tema no exterior. Segundo as fontes ouvidas, o príncipe saudita Mohamed bin Salman (MBS) “zomba em particular do presidente Biden, fazendo piadas sobre os erros do homem de 79 anos e questionando sua saúde mental”. Riad nega terminantemente.
Em suma, para quem vive falando em “Armagedon”, cumprimenta gente inexistente, no vazio, não tem mais ideia de quando e onde o filho mais velho morreu e, ainda, está sempre acompanhado da ‘maleta nuclear’, não há como tanta confusão mental de Biden não fazer soar os alarmes.