A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) divulgou nota, na segunda-feira (29), repudiando as agressões contra a imprensa e violências contra jornalistas. A entidade denunciou que na noite de domingo (28) jornalistas foram agredidos, enquanto faziam a cobertura das comemorações da vitória de Jair Bolsonaro, candidato do PSL à presidência da República, em mais de um Estado brasileiro.
O comunicado da Fenaj manifesta preocupação com o futuro do país, após a eleição da chapa formada pelo capitão reformado do Exército e pelo general da reserva Hamilton Mourão.
“Os muitos casos de agressões contra jornalistas ocorridos durante a campanha eleitoral e a indiferença de Bolsonaro diante dos ataques reforçam o que a trajetória política dele já demonstrara: o político de ultra-direita é avesso a críticas e não admite ser questionado publicamente, mesmo quando as questões dizem respeito à sua atuação como homem público”, diz o texto.
A entidade avalia que, ainda que Bolsonaro tenha assumido o compromisso de respeitar a Constituição, “é de conhecimento público suas ideias autoritárias, como a defesa da ditadura militar, e até mesmo criminosas, como a apologia à tortura”. “Resta saber como vai se comportar a partir de agora, e se vai se submeter às regras democráticas, entre elas a do respeito às liberdades de expressão e de imprensa”, acrescenta.
A Fenaj ressalta que a categoria não aceita a violência contra jornalistas e que não há justificativa para as agressões nas redes sociais, que cresceram no decorrer da campanha.
Um exemplo dessa violência foi a divulgação nas redes de uma imagem da jornalista Miriam Leitão, da Rede Globo, datada de seu fichamento durante a ditadura, afirmando que ela teria sido presa assaltando banco. A “notícia” é falsa e a jornalista nunca foi acusada de participação na luta armada.
A ABI (Associação Brasileira de Imprensa) também lamentou as agressões contra veículos de comunicação e o nível de intolerância que se apossou também das redações. Segundo nota divulgada no sábado, a entidade espera que o candidato eleito respeite o termo de compromissado firmado de respeitar a liberdade de imprensa.
Para a ABI, “verbas de publicidade oficial do Governo não podem ser usadas como moeda de troca, ou distribuídas de acordo com as oscilações de humor de quem tem o dever de administrá-las com equilíbrio e lisura”. Segundo o presidente da entidade, Domingos Meirelles, “o novo presidente da República não recebeu alvará que o isenta dos compromissos com a democracia, cujo respeito a liberdade de expressão é um dos seus pilares”.