O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Luís Antônio Boudens, criticou a insistência de Jair Bolsonaro na nomeação de Alexandre Ramagem para diretor-geral da PF. Para Boudens, isso gerou “não só uma desconfiança, mas o desconforto”.
Boudens acredita que “não foram encontradas justificativas plausíveis” para a demissão de Maurício Valeixo e a indicação de Ramagem. Segundo o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, Jair Bolsonaro queria interferir politicamente na Polícia Federal.
A indicação de Ramagem para a chefia da PF foi barrada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, alegando desvio de finalidade, após as denúncias de Moro e as revelações da proximidade entre Ramagem e a família do presidente.
A insistência de Bolsonaro em relação a Ramagem “gerou nosso alerta”, comentou Boudens.
“Há vários nomes com competência para assumir a gestão da Polícia Federal”. Muitos delegados “tinham condições de assumir a PF sem atrair para si essa atenção negativa sobre a proximidade com o presidente, que poderia gerar algum tipo de interferência ou pior, ter sido motivada essa insistência em nome apenas por uma questão pessoal, de proximidade ou de busca de lealdade como condição exigida pelo presidente da República”, continuou.
“Essa insistência gera esse desconforto, acaba atraindo uma atenção muito ruim para o gestor da Polícia Federal que vai assumir”, continuou.
“Nosso papel agora é analisar essas gestões, e, daqui para frente, termos a certeza de que a Polícia Federal vai continuar com seu trabalho isento”.
Luís Boudens afirmou, também, que “o momento escolhido” para a troca do diretor-geral “não foi bom”.
“Estamos em meio a uma crise de uma pandemia da COVID-19, também há uma expectativa que mais trabalhos sejam feitos. Temos setores que não podem parar, precisam de decisão administrativa. Precisamos de um gestor com caráter permanente para que esses serviços sejam mantidos”, completou.
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