O presidente da Argentina, Alberto Fernández, e o candidato à presidência da Bolívia, Luis Arce Catacora, se encontraram terça-feira, na Casa Rosada, em Buenos Aires, onde reforçaram o espírito de unidade em defesa da democracia.
Na oportunidade o ex-ministro da Economia e candidato do Movimento Ao Socialismo (MAS), do ex-presidente Evo Morales, defendeu que o dirigente argentino contribua para a lisura das eleições do dia 3 de maio no seu país. “Pedimos que eles possam colaborar, fazer um acompanhamento não ao momento eleitoral, tão somente, mas desde o começo”, declarou Arce, diante dos riscos iminentes de que os golpistas, tendo Jeanine Áñez à frente, possam cometer inúmeras irregularidades, agredindo a democracia. O desrespeito ao resultado das urnas, vem alertando, foi o caminho escolhido em outubro quando Evo foi reeleito no primeiro turno.
Agradecendo a deferência por ter sido recebido pelo dirigente argentino, Arce – que lidera com folga todas as intenções de voto, mesmo que estejam concentradas na área urbana – assinalou que trabalha para a construção de uma grande frente em favor da verdade. “Iremos tocar em todas as portas, de todos, para que possam nos garantir e ajudar a que as eleições se desenvolvam e o povo boliviano possa eleger democraticamente o seu presidente”, frisou.
O livre confronto de ideias, a plena manifestação político-partidária e a garantia de fiscalização são atualmente mera ficção, pontuou. “Temos neste momento um processo eleitoral em curso que não garante a transparência, que não garante que os resultados nas urnas sejam os que finalmente se respeitem por este governo golpista que temos na Bolívia”, acrescentou.
Arce informou que Alberto Fernández respondeu à sua proposta dando uma “cordial bem-vinda” e que declarou estar “muito contente” com a proposta do presidente argentino.
Ao final do encontro o candidato do MAS presenteou a Fernández uma Wiphala, a bandeira dos povos originários, e seu livro que contém a receita do modelo econômico do governo Evo: “O Modelo Econômico Social Comunitário Produtivo Boliviano”.
Com a candidatura sustentada por uma ampla frente coordenada por Evo, que presidiu o país durante 13 anos, de 2006 até o golpe do final de 2019, o ministro – que liderou o crescimento econômico do Produto Interno Bruto (PIB) da América Latina por seis anos – tem como companheiro na vice o ex-ministro de Relações Exteriores David Choqueuanca.
De acordo com as últimas pesquisas, Arce encabeça as intenções de voto com 31,8%, seguido de longe pelos golpistas Carlos Mesa, com 17,1% e Jeanine Añez, com 16%, definindo a votação já no primeiro turno.