De acordo com números do Monitor do PIB-FGV, divulgados na segunda-feira (18), a economia cresceu 0,1% em julho em relação ao mês anterior e 0,6% no trimestre móvel maio-julho contra o trimestre fevereiro-abril. Foi o bastante para o press release do Instituto Brasileiro de Economia da FGV e noticiários das agências apontarem, mais uma vez, para o “fim da recessão”. Formidável! Um ridículo crescimento de 0,1% ao invés de registrar uma “continuidade da recuperação”, na verdade, é a confirmação da continuidade da estagnação econômica – no fundo do poço.
O próprio Monitor já havia constatado que no trimestre móvel abril-junho ante o trimestre janeiro-março houve queda de 0,24%. Estagnação, aliás, registrada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quando da divulgação do PIB do segundo trimestre: de janeiro a junho, a economia teve variação 0,0% na comparação com o mesmo período do ano passado. Apesar de apresentar números positivos do PIB por setores, especialmente o consumo das famílias (+1,9%) – obviamente, incapaz de anular 28 trimestres móveis consecutivos de queda, segundo a FGV -, um fator preponderante para qualquer política econômica que tenha como objetivo o crescimento, o investimento, apresentou queda. Diz o Monitor do PIB-FGV que “a formação bruta de capital fixo (FBCF) apresentou retração de 4,5% no trimestre móvel mai-jun-jul, comparativamente ao mesmo trimestre em 2016. O desempenho do componente de máquinas e equipamentos voltou ao patamar positivo (+3%), contribuindo com 1,1p.p. para a melhora do indicador. O componente de construção continua com forte queda (-9,7%) com impacto de -5.0 p.p. para a taxa trimestral da FBCF”.
“Pelo lado da demanda, as famílias estão ainda endividadas, receosas de perder o emprego, para pegar um empréstimo [para compra de imóveis] e os estados e municípios, os contratantes das grandes obras, estão quebrados. Então, a construção ficará negativa por muito tempo”, considerou o coordenador do Monitor do PIB-FGV, Claudio Considera.
Isso, após a FBCF registrar contração de 6,5% no trimestre móvel encerado em junho. “Recuperação econômica” com investimento em queda? Como diz o adágio popular, nem aqui, nem na China… Exatamente por ser o país que mais investe no mundo, que atualmente a China é o país que mais cresce.
Também a taxa de investimento está declinante: “A taxa de investimento (FBCF/PIB), a preços constantes, após alcançar o ápice de 24,3% em outubro de 2013, declinou sistematicamente e no mês de julho do corrente ano foi de 17,4%”, aponta o Monitor. Nos cálculos do IBGE, a taxa de investimento caiu a 15,5% no segundo trimestre deste ano, o menor patamar já registrado pelo instituto.
Isso acontece pelo simples e bom motivo que os dois pilares da política econômica e Temer/Meirelles continuam de vento em popa: maiores juros reais do mundo e corte de investimentos públicos. Como observou o economista Nilson Araújo de Souza, a taxa real de juros estava no patamar de 5% desde quando o juro nominal era de 14,25% e continua agora com a taxa nominal de 8,25%.
Outro aspecto que desmente qualquer aleivosia de “continuidade da recuperação” é o desemprego em massa. Para tentar dourar a pílula, o governo transforma aumento do subemprego em diminuição do desemprego, mas que não apaga o fato de mais de 13 milhões de brasileiros e brasileiras que não têm como colocar o pão na mesa para suas famílias.
Mas o Meirelles tem a solução. “Nossa meta é, de fato, fazer com que o país volte a ter emprego para todos. Para isso, eu preciso de contar com a oração de vocês”, disse em vídeo gravado para uma igreja, com imagens de árvores com flores ao fundo, com a inscrição: “Outubro, mês de oração pela economia”.
VALDO ALBUQUERQUE