A ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (SD), e o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), defenderam em live a união de forças contra o governo de Jair Bolsonaro.
Na live intitulada “Diálogos pela Frente Ampla”, Marta disse que sua “preocupação tem sido construir e costurar uma frente ampla. Porque nós temos que juntar as forças políticas que têm coisas em comum: defesa intransigente da democracia e da liberdade de imprensa e o combate à desigualdade social.
Para ela, essas forças políticas podem ser liberais, de centro e progressistas. “Todas as forças partidárias que são a favor da democracia já têm essa sensibilidade [sobre a desigualdade]. Se não tinham antes, a pandemia escancarou isso”.
Marta tem discutido com o PSDB sua participação na disputa eleitoral como candidata a vice-prefeita de Bruno Covas, atual prefeito.
“Em São Paulo nós já devíamos começar esse movimento de frente ampla, no sentido que não é de partidos se unirem, porque a situação já ficou muito avançada, mas o conceito de que nós temos grupos e forças políticas que são contra o que aí está, contra esse desmonte autoritário que nós estamos vendo, seja na cultura, em tudo”, continuou a ex-prefeita.
FHC concordou dizendo “em tudo, em tudo”.
Marta completou dizendo que o movimento de frente ampla deve apontar “em direção a 2022. Não vai ser na véspera de 2022 que nós vamos conseguir formular pessoas com esta vontade de fazer um programa de governo que nos una para fazer frente a um governo autoritário. Eu acho que nós deveríamos começar essas conversas para em 2022 já estar bem claro a necessidade de uma frente”.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que “a gente não pode aceitar a desigualdade como se fosse uma coisa natural”. “A pandemia obriga você a olhar que a pobreza é grande”.
Para ele, “não dá para separar pobreza, mais igualdade da democracia. A democracia não pode ser só liberdade, tem que ser também atenção às questões sociais. Ao redor desses eixos dá para haver uma conversa. É preciso que tenha uma conversa”.
Cardoso acredita que “é cedo para fulanizar na Presidência. Na prefeitura você que sabe. Sou favorável a somar forças”. “Quem somar mais, leva. Quem não somar, não leva”.
“Ninguém tem ilusão: o presidente Bolsonaro tem representatividade. É um erro menosprezar a capacidade que possa ter o Bolsonaro de ser candidato. Ele representa um setor. Ele representa o homem comum. Quer dizer, ele é grosseiro, dá a sensação de dizer o que sente quando explode”.
Eles também criticaram o ministro da Economia, Paulo Guedes. “Paulo Guedes está com os dias contados. Não entende de Brasil”, disse Marta. “Nem de política. Ele tomou um banho na Câmara. Guedes é inadequado para o momento”, completou FHC.
Os dois concordaram que Bolsonaro e Márcio França, pré-candidato a prefeito pelo PSB, estão fechando um acordo de apoio mútuo.
“Eu acho um erro do Márcio França”, comentou FHC. “Sim”, disse Marta.
Marta acredita, também, que “o PT se isolou” em São Paulo. A ex-prefeita elogiou a atuação de Rui Costa (PT), governador da Bahia, que tem defendido a frente ampla contra o bolsonarismo.
FHC, por sua vez, elogiou o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). “Dino é muito bom”.
P. B.