Filha do bolsonarista Roberto Jefferson diz que ele não está “normal”

Roberto Jefferson, presidente do PTB. Foto: Reprodução
“Meu pai não faria isso comigo se estivesse normal”, disse a ex-deputada ao ouvir áudio em que Roberto Jefferson a descartava

O presidente do PTB, Roberto Jefferson, vai expulsar a própria filha, Cristiane Brasil, o blogueiro Oswaldo Eustáquio e o pastor Fadi Faraj para receber Jair Bolsonaro no partido e não ter nenhum conflito.

Ao saber de um áudio em que recebia críticas de seu pai e que pretendia expulsá-la, Cristiane Brasil disse que ele “não está bem da cabeça. Meu pai não faria isso comigo se estivesse normal”.

Estando preso por ter ameaçado o Supremo Tribunal Federal (STF) e seus ministros, Roberto Jefferson enviou Graciela Nienov, presidente interina, para conversar com Jair Bolsonaro e oferecer a legenda para que ele se candidate pelo PTB em 2022.

Na conversa, Jair Bolsonaro disse que exigia indicar os candidatos ao Senado, o que o PTB aceitou.

De dentro da prisão, Roberto Jefferson escreveu cartas orientando Graciela a abrir espaço para Bolsonaro entrar no PTB e acabar com as divergências, “limpando o partido de infestações”.

Em um áudio, Jefferson elogia Graciela Nienov e critica sua filha, Cristiane Brasil.

“A Graça [Graciela Nienov] é uma pessoa que eu adotei no meu coração. A Cris dá conflito porque é uma pessoa de luta como sou. Como se diz: ‘os bicos não se beijam’. Desde pequena tive problemas com a Cris. Sei que a Cris vai passar dessa bobagem, vai acordar, cair em si e superar. A Graça cumpre as obrigações sem você pedir”.

O conflito surgiu porque Cristiane Brasil exigiu que fosse a sucessora de seu pai no comando do PTB, o que não aconteceu, e criticou dirigentes nacionais da legenda.

No caso do blogueiro Oswaldo Eustáquio, o problema interno no PTB surgiu quando ele foi preso, devido à divulgação de fake news e ataques à democracia, e exigiu que a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, tomasse uma atitude, o que também não aconteceu.

O outro que está na lista dos que podem ser expulsos é o pastor Fadi Faraj, que tem proximidade com políticos do Distrito Federal que não são do PTB.

A denúncia contra Fadi Faraj ao Conselho de Ética já foi apresentada e o partido alega “infringência aos deveres e disposições estatutárias”, sem especificar o ocorrido.

O processo contra Cristiane Brasil e Oswaldo Eustáquio ainda não foi aberto, mas, segundo o portal Poder360, Roberto Jefferson já concordou em denunciá-los ao Conselho de Ética.

A insatisfação com os rumos do PTB dados por Roberto Jefferson é geral dentro do partido. Seis dos 10 deputados federais planejam sair do PTB, processo que começou com a deputada Luísa Canziani (PR).

A deputada pediu à Justiça Eleitoral para deixar o partido após ser agredida por Roberto Jefferson.

“O PTB mudou de símbolo, de estatuto e de slogan. Passou a radicalizar posições políticas e ideológicas. Expurgou de seus quadros lideranças históricas, interveio em diretórios, nomeou novas lideranças – algumas recém-filiadas, como no caso paranaense”, disse Luísa Canziani na ação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Jefferson acusou a deputada, sem provas, de ter gravado uma reunião com o ministro da Educação, Milton Ribeiro.

A saída do PTB da deputada federal e de seu pai, Alex Canziani, motivou uma debandada de políticos do Paraná do partido.

Aproximadamente 50 aliados da família Canziani estão deixando o PTB e devem ir para o PSD.

Roberto Jefferson traiu toda a história e a tradição trabalhista do Partido Trabalhista Brasileiro, fundado por Getúlio Vargas e que também foi de João Goulart. A carta testamento de Vargas foi excluída dos símbolos do partido.

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