O filho de Bolsonaro, Eduardo, ameaçou o senador Major Olímpio (PSL-SP) de aceitar um requerimento da oposição na comissão que ele preside, a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN), chamando o suplente do senador, Alexandre Giordano, para prestar esclarecimentos sobre o escândalo Itaipu.
Ainda nessa semana, o senador foi atacado por outro filho, o Carlos Bolsonaro.
A ameaça do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) aconteceu através do Twitter após o Major Olímpio postar um vídeo – também na rede social – defendendo a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, na terça-feira (15).
No vídeo o Major Olímpio diz que não foi ele apenas que assinou o pedido de criação da CPMI, que foi iniciativa de vários partidos e parlamentares. “Quem tem medo da CPI Lava Toga é quem deve; quem tem medo da CPI das Fake News é quem deve”, diz o senador no vídeo.
Ele rebate quem diz que a CPMI é para prejudicar Bolsonaro. “Aqui não tem molecagem. Coisa de moleque é quem atrapalha muito o presidente. Não é o PT, não. É coisa de moleque”, diz.
Eduardo Bolsonaro vestiu a carapuça, retuitou o vídeo de Olímpio e comentou, ameaçando: “Bom saber que o senhor não tem medo. Da próxima vez que o PSOL pautar na CREDN convite para o seu suplente Giordano vir falar sobre Itaipu lembrarei deste vídeo”.
O Major Olímpio respondeu à coação do filho de Bolsonaro: “Eduardo, tem medo quem deve e coerência na vida é fundamental. Não vejo problema nenhum eu responder pelos meus atos. Agora, o que tenho a ver com suposto ato de suplente? Se quiser fazer CPI disso, sou o primeiro a assinar. Talvez tenha notado que não te pedi para segurar nada”.
Olímpio ainda escreveu no Twitter que “27 senadores, que tem apoiado o governo, assinaram a CPMI, inclusive 3 Senadores do PSL orientados pelo líder do Governo. A CPMI foi proposta pelo DEM, partido que tem 3 ministros no governo e do Senador que seu primo Léo Índio trabalha e que assinou e é vice-líder do governo”.
Alexandre Luiz Giordano é o primeiro suplente do senador.
Seu nome ficou em evidência após estourar o escândalo do acordo de Itaipu com o Paraguai. Assinado em segredo, o acordo bilateral acabou vindo a público depois que o presidente da ANDE (estatal paraguaia de energia elétrica), Pedro Ferreira, renunciou afirmando que o acordo configurava “traição à pátria” e “extorsão financeira”.
Os termos do acordo divulgado em julho provocaram uma crise política no país vizinho e quase provocou a queda do presidente paraguaio Mario Abdo Benítez. Segundo a oposição no Paraguai, a negociação foi ‘entreguista’ por favorecer o Brasil na contratação da energia de Itaipu. Os prejuízos, segundo os opositores, ultrapassam os “US$ 200 milhões ao Paraguai”.
Um ponto do acordo admitia a venda de energia excedente pelo Paraguai a diversas empresas no Brasil, mas foi retirado por pressão dos chefes do governo paraguaio para atender aos interesses da empresa Léros, da qual Alexandre Giordano é lobista, que passaria a ter a exclusividade nesta venda ao Brasil. O acordo foi cancelado no dia 1º de agosto, pelo governo do Paraguai e o governo brasileiro aceitou o cancelamento.
Segundo testemunhas, Giordano se apresentava às autoridades paraguaias como “homem do partido de Bolsonaro e chegado ao círculo do presidente brasileiro”.
A CPMI das Fake News e a proposta de criação da CPI da Lava Toga têm causado um grande embate entre a família Bolsonaro e o PSL. Os Bolsonaros combatem as duas no Congresso.
O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) tem feito obstrução sistemática contra a CPMI das Fake News, alegando que ela prejudica seu pai.
Flávio Bolsonaro também combateu a CPI da Lava Toga, proposta para investigar irregularidades de ministros dos tribunais superiores.
A senadora Juíza Selma Arruda (MT) trocou o PSL pelo Podemos revoltada com as agressões e pressões de Flávio Bolsonaro para que ela não assinasse o requerimento de criação da CPI.
Segundo a juíza, Flávio gritou com ela pelo telefone por ela ter assinado o pedido de criação da CPI. Ela disse que imediatamente desligou o telefone.
Flávio Bolsonaro não quer a CPI porque foi beneficiado por uma decisão de Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).
Toffoli decidiu interromper as investigações de lavagem de dinheiro operada de dentro do gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio por seu motorista, Fabrício Queiroz.
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