Eduardo Bolsonaro (PSL), deputado federal por São Paulo e filho “03” de Jair Bolsonaro, disse que se manifestações como as do Chile acontecerem no Brasil os manifestantes terão que “se ver com a polícia” e verão “a história se repetir”.
Não esclareceu qual “história” se repetiria.
Em 11 de setembro de 1973, o ditador Augusto Pinochet deu um golpe, patrocinado pelos EUA, derrubando o governo democraticamente eleito de Salvador Allende. Segundo dados oficiais, durante a ditadura pinochetista mais de oitenta mil (80.000) chilenos foram presos e outros trinta mil (30.000) torturados. E mais de três mil (3.000) foram assassinados pela ditadura de Pinochet.
Com Pinochet, benefícios sociais e econômicos conquistados pelo povo chileno sofreram grave retrocesso.
Hoje, mais de 2 milhões de aposentados sob o sistema de capitalização privada imposto pela ditadura de Pinochet recebem em média 880 reais mensais (160 mil pesos), e gastam quase um terço só em remédios; a metade dos trabalhadores chilenos recebe em média 1.930 reais (350 mil pesos) de salário mensal, com aluguéis, transporte e custo de vida acima de qualquer possibilidade de, com esses recursos, ter uma vida minimamente digna.
Eduardo insistiu em dizer que o Chile é um exemplo a ser seguido, principalmente no que diz respeito à reforma da Previdência, mas reclama do povo que se sublevou contra o modelo. Para defender a miséria, ameaçou a democracia.
“Não vamos deixar, não vamos deixar isso vir para cá. Se vier para cá, vai ter que ser ver com a polícia. E se eles começarem a radicalizar do lado de lá, a gente vai ver a história se repetir. Aí que eu quero ver como a banda vai tocar”, disse o novo líder do PSL na Câmara, atordoado com o tamanho e a intensidade do levante popular no Chile.
Segundo ele, as reformas feitas pelo sanguinário Augusto Pinochet puseram “o Chile num círculo virtuoso que até hoje, mesmo quando entra uma esquerdista como a [Michelle] Bachelet no poder, ela não consegue alterar”.
Eduardo tentou ocultar a realidade e declarou que o povo não tem tomado as ruas de Santiago para mudar o cruel modelo econômico vigente, que levou o presidente Sebastián Piñera a uma rejeição de 78%, mas porque “essa galera está doida para voltar a mamar de novo nas estatais”.
Em documento, a Plataforma Unidade Social, que reúne partidos, sindicatos e movimentos sociais chilenos, afirmou que “o que tem se manifestado durante a última semana nas ruas do Chile é a exasperação da sociedade civil frente a um modelo assentado no abuso”.
“Nossa ação continuará até conquistarmos uma transformação profunda do sistema vigente. Questionamos este modelo neoliberal abusivo que converte nossos direitos sociais em oportunidades para lucrativos negócios”.
P. B.
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