O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), filho do presidente eleito, afirmou em entrevista publicada na segunda-feira (12) que quer a criminalização do MST e que “se fosse necessário prender 100 mil pessoas” não vê problema.
“Eles impõem o terror para ganhar um benefício por outro lado. É isso que a gente visa combater. Isso aí é terrorismo. É a intenção de levar o terror para amedrontar as pessoas. Se fosse necessário prender 100 mil pessoas, qual o problema nisso? Eu vejo problema em deixar cem mil pessoas com esse tipo de índole, achando que invasão de terras é algo normal, livres para cometer seus delitos. Esse é meu principal receio. Eu quero dificultar a vida dessas pessoas”, declarou.
O parlamentar deixou clara sua intenção de atuar para tipificar como terrorismo a ação de movimentos sociais como o dos trabalhadores sem terra. Se a atuação do MST for nesse teor, já existe a lei antiterrorista para enquadrar tal atuação. Mas o que Eduardo Bolsonaro quer é um mecanismo específico para criminalizar o MST, o que é um absurdo, é antidemocrático.
Ao defender sua proposta de criminalizar o MST, ele contradiz o juiz federal Sérgio Moro, indicado para o Ministério da Justiça, que disse em entrevista que “não é consistente” classificar os movimentos sociais como organizações terroristas.
Na entrevista publicada pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, Eduardo Bolsonaro acrescentou que sua proposta também é criminalizar os comunistas. Ao defender sua ideia, comentou: “Ué, o nazismo é criminalizado”.
E citou países como Ucrânia, Polônia e Indonésia – países governados por cúpulas de dirigentes fascistas – como exemplo de criminalização. O filho de Bolsonaro foi questionado que nos EUA, considerado por ele próprio como modelo de democracia, não criminaliza os comunistas e o partido é legalizado. Eduardo Bolsonaro saiu pela tangente, lembrando o período da guerra fria que, segundo ele, os EUA venceram.
O entrevistador ainda confrontou E. Bolsonaro que parlamentares do próprio PSL, como o general Peternelli e o Major Olímpio, já disseram que não vai para frente propostas de criminalização. “A gente sabe que é difícil, mas você apresentando você chama para o debate”, saiu-se com essa resposta.
O deputado também defendeu uma mudança no Itamaraty – que cuida da política externa do país. Segundo ele, seria um dos ministérios “onde mais está arraigada essa ideologia marxista”. “O que eu escuto falar é que o Itamaraty é um dos ministérios onde mais está arraigada essa ideologia marxista e onde haveria uma maior repulsa ao presidente Jair Bolsonaro”, disse.
“O que não pode ter é o que nos Estados Unidos tem lá o que o Trump chama de deep state, pessoas do próprio governo sabotando as ideias do governo”, completou.
Ele também negou que o anúncio da mudança da embaixada brasileira para Jerusalém tenha provocado a reação do governo egípcio, que cancelou a viagem de uma comitiva oficial ao País. “Eu tenho informações diferentes sobre a questão do Egito, que houve cancelamento da ida do chanceler Aloysio Nunes”, afirmou, alegando que o impasse fora provocado pelo chanceler brasileiro. “Eu acredito que esse desconforto foi provocado pelo chanceler Aloysio Nunes”, disse.
Eduardo Bolsonaro acrescentou que pretende criar o “Foro de São Paulo” da direita para “dar uma resposta ao Foro de São Paulo” – criado em 1990, a partir de um seminário internacional promovido pelo PT.
W. F.