“A iniciativa da Academia Brasileira de Ciências (ABC), de divulgar um documento com propostas para enfrentar a grave crise por que passa a pesquisa científica no Brasil, é muito bem-vinda. Assim como também é bastante louvável a ideia de grupos de cientistas de procurarem entrar nos legislativos brasileiros, em todos os níveis, para lutar em prol de políticas de governo que valorizem a ciência e a tecnologia nacionais”, afirmou João Goulart Filho, ao comentar o encerramento da Reunião Magna da entidade, realizada nos dias 8, 9 e 10 de maio, no Rio de Janeiro.
“Os cortes feitos no setor de pesquisa nos últimos anos estão colocando em risco o futuro da ciência no Brasil”, alertou João Goulart Filho, que é pré-candidato a presidente da República pelo Partido Pátria Livre (PPL). Ele lembra que seu partido está preocupado com o tema e concorda com a denúncia da Academia de Ciências de que “a junção do Ministério da Ciência, da Tecnologia e da Inovação com as Telecomunicações, criando o MCTIC, deixou órfão o Sistema Nacional de C&T”. João Goulart destaca que “o país precisa ter uma política forte de investimentos neste setor. Para ele, a política de Ciência e Tecnologia tem que estar acoplada à melhoria da qualidade de vida da população e a um Projeto Nacional de Desenvolvimento”.
O pré-candidato citou o manifesto divulgado pelo grupo “Cientistas Engajados” para chamar a atenção para a gravidade da situação criada com os cortes feitos nos últimos anos. “Em 2017, o contingenciamento retirou 44% dos recursos orçamentários do MCTIC. O resultado final é que o repasse para C&T feito no ano passado no âmbito do ministério representou cerca de 25% do realizado no ano de 2010. Desde 2013, o investimento brasileiro em ciência e tecnologia vem caindo vertiginosamente. Isso colocou uma grande parte dos empreendimentos científicos nacionais sob o risco de descontinuidade”, denunciam João Goulart e os cientistas.
João Goulart Filho se somou aos pesquisadores para também lembrar que, apesar de, nos últimos anos o país produzir muitos artigos científicos, “o Brasil aumentou a transferência de recursos sob a forma de royalties, licenças de uso e da importação de bens de alta tecnologia”. “Temos que desenvolver nossa tecnologia e ter uma política nacional de pesquisa científica, voltada para atender às necessidades do Brasil e do nosso povo”, defendeu. “Para se ter uma ideia, os EUA recebem anualmente em torno de US$ 100 bilhões por royalties e licenças de uso e o Brasil paga cerca de US$ 20 bilhões”, observou. “Nós não podemos continuar investindo só 1% do PIB em Ciência e Tecnologia, enquanto países como a Coreia do Sul e a China, por exemplo, investem quase 4%. Precisamos evoluir, gradativamente, para, no mínimo, 3,5%”, propôs o representante do PPL.