Salah e Abdullah, filhos do jornalista Jamal Khashoggi, assassinado há um mês no consulado da Arábia Saudita na Turquia, exigiram a devolução do corpo do pai, na primeira entrevista que deram depois da morte dele.
Eles pedem que o corpo do pai seja entregue para que possam fazer um enterro digno. “Tudo o que queremos é o direito a sepultá-lo em Al-Baqi [um cemitério] em Medina [na Arábia Saudita], onde está o resto da nossa família. Falei sobre isso às autoridades sauditas e espero que isso possa acontecer em breve”, assinalou Salah Khashoggi.
“É um mistério o que aconteceu com o meu pai e tem sido um enorme fardo para todos nós. Todos estão à procura de informação e pensam que nós temos acesso, infelizmente não temos”, afirma Salah, de 35 anos. Afirmaram que procuram respostas para o que aconteceu com o jornalista do Washington Post e crítico do regime saudita, depois de ter entrado há um mês no consulado em Istambul, e nunca mais ter sido visto. “Os detalhes são muito vagos. Não sabemos o que aconteceu lá dentro. Todos contam uma história diferente. Eu tento não pensar nisso”, disse Abdullah, de 33 anos, quando confrontado com as informações do governo turco de que Khashoggi foi torturado, morto e esquartejado.
O presidente turco, Tayyip Erdogan, chocou-se com as declarações oficiais sauditas ao destacar que “o crime selvagem” foi “planejado”. “Houve um plano que começou a ser gerado em 28 de setembro, na primeira visita de Khashoggi ao consulado”.
Numa primeira fase as autoridades sauditas negaram qualquer envolvimento com o desaparecimento do jornalista, mas acabaram por admitir que este teria morrido durante um interrogatório que “correu mal”.
A versão publicada por jornais em todo o mundo, com base em fontes da polícia turca, é de que Khashoggi foi submetido à tortura e teve seu corpo despedaçado por uma serra óssea. O sinistro assassinato teria sido perpetrado por um esquadrão de 15 homens dos serviços de segurança diretamente ligados à realeza saudita e que entraram no dia do assassinato e saíram, quase todos no mesmo dia, em jatos contratados para a operação.