Parceria do Instituto de Estudos Avançados (IEAv), do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) e da Orbital Engenharia, que tem o apoio da Finep, objetiva desenvolver um motor que poderá colocar o Brasil em um novo patamar tecnológico
A Força Aérea Brasileira está realizando uma parceria estratégica para acelerar o desenvolvimento de motor hipersônico brasileiro. Reportagem da Sputnik Brasil revela que o Brasil aposta no setor de motores e aviação para não ficar de fora da corrida tecnológica deste setor. O desenvolvimento do primeiro motor hipersônico brasileiro é parte de projeto mais amplo, chamado Projeto Propulsão Hipersônica 14-X, que envolve iniciativas para desenvolvimento da tecnologia hipersônica nos setores espacial, de aviação e foguetes.
APOIO DO FINEP/MCTI
A parceria entre o Instituto de Estudos Avançados (IEAv), o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) e a Orbital Engenharia, que tem o apoio da Finep, órgão de fomento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, objetiva desenvolver um motor que poderá colocar o país em novo patamar tecnológico. Com design arrojado, o motor hipersônico brasileiro poderá ter mais aplicações civis e militares do que o esperado, avaliam especialistas.
A vertente do projeto destinada à aviação tem o potencial de obter tecnologia ainda inédita no mundo, disse o professor de Propulsão Espacial do curso de Engenharia Aeroespacial da UFABC, Annibal Hetem. Segundo ele, o design do motor de propulsão hipersônica aspirada e o protótipo da aeronave hipersônica da FAB são arrojados.
PROJETO 14-BIS
“O projeto de desenvolvimento de motor para aeronave hipersônica brasileiro se chama 14-X, em uma referência ao projeto de Santos Dummont, o 14-BIS”, disse Hetem à reportagem. “A ideia é que a aeronave voe a 14 vezes a velocidade do som, então o número 14 virou um número mágico para esse projeto”, disse Hetem.
A parceria entre os institutos de pesquisa da FAB e a Orbital Engenharia é garantida pelos recursos públicos da Subvenção Econômica da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), que acolhe projetos de inovação para a Base Industrial de Defesa brasileira. Apesar das persistentes restrições orçamentárias do governo federal, o projeto Propulsão Hipersônica 14-X conta com cerca de R$ 93 milhões para atingir suas metas.
“A FINEP tem interesse em financiar esse projeto em função dos seus desdobramentos tecnológicos, afinal, durante o processo de pesquisa, novos usos podem ser descobertos”, considerou Hetem. “Uma tecnologia como essa é interessante porque nunca sabemos quais os desdobramentos que ela vai ter, que podem ser diversos. Por exemplo, o desenvolvimento dessa pesquisa pode nos levar a compreender melhor a nossa capacidade de controlar máquinas em velocidades hipersônicas”, destacou.
Apesar de a possibilidade de utilização de motor hipersônico para a aviação civil não estar excluída, o uso imediato desta tecnologia seria sobretudo militar, acredita o professor da UFABC.
AERONAVE INALCANSÁVEL
“Uma aeronave como essa voará tão rápido que será basicamente inalcançável, e por isso com clara vantagem do ponto de vista da defesa”, disse Hetem. “Outra aplicação prioritária para essa tecnologia será para o lançamento de mísseis.”
O IEAv e a Orbital deverão desenvolver o Sistema de Controle Eletrônico de Injeção de Combustível (SISCRAMJET) para o motor hipersônico brasileiro, previsto para funcionar através da aspiração de ar. A parceria público-privada também é essencial para criar condições para testagem dessa tecnologia disruptiva em ambiente controlado.
“De fato, a realização de testes de voo real é um grande desafio. São necessárias equipes de uma centena de pessoas, uma área bastante grande, na qual não trafeguem aviões, navios ou pessoas que possam ser atingidas pela aeronave”, disse Hetem. “A dificuldade para testar um protótipo como esse em laboratório aumenta muito o custo do projeto.”
A velocidade da aeronave hipersônica é tão alta que somente um foguete pode dar a partida no seu motor. Atualmente, o protótipo brasileiro é acionado por um foguete VSB-30, o que dificulta ainda mais a realização de testes regulares. Em julho deste ano, a FAB se aliou à empresa brasileira MAC JEE para desenvolver o foguete de decolagem para o seu veículo hipersônico.
OBSTÁCULOS A SEREM VENCIDOS
O professor Hetem falou sobre os obstáculos a serem superados e relatou como exemplo o teste realizado pela norte-americana NASA com uma aeronave hipersônica, durante o qual o protótipo simplesmente se perdeu: “Ela voou a uma velocidade tão alta, em uma região de oceanos, que não foi possível rastrear aonde ela caiu”. Assim como o modelo brasileiro, o teste da aeronave hipersônica da NASA também foi realizado com o auxílio de um foguete.
A associação com a iniciativa privada também é relevante “porque a empresa tem capacidade para construir a aeronave, enquanto o IEAv do DCTA é capaz de fornecer o desenho dela”. Segundo o professor, o design é bastante elaborado, “afinal, a uma velocidade tão alta, qualquer desvio na estrutura da aeronave tem um efeito significativo”.
O Projeto Propulsão Hipersônica 14-X também inclui vertentes de pesquisa na área de propulsão espacial e de tecnologias de foguetes. Nesta seara, o Brasil já realizou testes bem-sucedidos e pode estar próximo de atingir o seu objetivo técnico-científico, declarou o professor do Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter) e pesquisador do Instituto Sul-Americano de Política e Estratégia (ISAPE), João Gabriel Burmann.
“Em 2021, no âmbito da Operação Cruzeiro, o lançamento do foguete brasileiro 14-XS, lançado da base da Barreira do Inferno, atingiu a velocidade de Match 6, e, portanto, uma velocidade hipersônica”, disse Burmann à Sputnik. “Fomos capazes de realizar um teste com foguete em velocidade hipersônica antes dos EUA, que teve sucesso somente em 2022.”
A tecnologia de mísseis hipersônicos já é dominada por algumas potências, em particular por Rússia e China. Os modelos russos de mísseis balísticos hipersônicos, como o Kinzhal, já foram utilizados no campo de batalha ucraniano, gerando grandes desafios para os sistemas de defesa antiaérea dos países da OTAN.
Gostei do projeto 14 X. Como inventor sou frustrado por falta de apoio. Mas esse projeto do 14X. pode trazer retorno ao Brasil. Um país só é respeitado se tiver projetos bélicos de grande importância. A Rússia tem o mesmo PIB do Brasil e por ser uma potência bélica é respeitada. Já neste momento os EUA nos ameaçam com restrições, devido à compra dos caças da Saab. Querem nos forçar à compra de seus produtos bélicos. Fazem sabotagem e espionagem e não têm vergonha. EUA tem que cobrar de quem nos vendeu os caças. O governo do Brasil não tem nada a ver com essa indiscreta reclamação. Mais uma vez parabéns pela matéria. O Brasil só precisa de tecnologia. Somos inventivos.
Pra cima Brasil precisamos nos torna uma potência, também militar deixa de comprar armamentos absoletos dos Estados unidos e desenvolver nossa própria defesa temos dinheiro e competência pra isso.