Em busca de promover o fortalecimento da capacidade de produção de vacinas no Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) anunciaram, na última quinta-feira (09), uma parceria estratégica para expandir o Centro Nacional de Tecnologia em Vacinas (CNTV), com o objetivo de ampliar a produção de imunizantes, tornando o país mais autossuficiente e preparado para enfrentar futuras pandemias, além de reforçar a soberania sanitária nacional.
O novo acordo prevê a expansão do Centro de Vacinas que permitirá não só o aumento da produção de vacinas já desenvolvidas, mas também a capacidade de produção em larga escala de novos imunizantes, inclusive aqueles contra doenças emergentes.
A reitora da UFMG, Sandra Goulart de Almeida, afirmou que a cooperação com a Fiocruz, com quem já possui uma aliança estratégica e vários projetos em andamento, é extremamente relevante para a instituição e para pesquisa na área de saúde. “Esse é um projeto de Estado. A ideia é atender o país em uma área extremamente necessária, que a pandemia comprovou”, comentou Almeida.
O projeto, que teve início agora no mês de outubro de 2025, compõe uma série de esforços estatais por maior autonomia na produção de medicamentos e vacinas, tema que ganhou ainda mais relevância após a pandemia de COVID-19, em que o país se deparou com sua dependência da produção estrangeira para imunizar a população.
A colaboração entre a Fiocruz e a UFMG é uma demonstração clara de como a ciência brasileira pode se unir para enfrentar desafios globais. A expertise da UFMG, em áreas como biotecnologia e ciência molecular, será fundamental para o sucesso do projeto, contribuindo para o desenvolvimento de tecnologias mais eficientes e seguras para a produção de vacinas. Além disso, a parceria fortalece o intercâmbio acadêmico e científico entre as duas instituições, criando um ambiente propício para inovação e capacitação de novos profissionais em biotecnologia e imunização.
O presidente da Fiocruz, Mário Moreira, ressaltou que este não é um plano só da Fiocruz ou da UFMG, mas um projeto de país. “Trata-se de um projeto exitoso e promissor, com possibilidade de trocas organizadas de experiências. Temos a perspectiva de colocar todo o sistema de ciência e tecnologia da Fiocruz a favor dessa cooperação”, destaca Moreira.
“É um projeto de autonomia e de soberania no tempo em que se discute a redução da vulnerabilidade com relação a tecnologias e produtos desenvolvidos no exterior. A Covid-19 mostrou que precisamos ter mais altivez na discussão e elaboração de políticas públicas”, continuou.
Com a ampliação do CNTV, espera-se que o Brasil ganhe não apenas em termos de capacidade de produção, mas também em termos de rapidez na resposta às necessidades sanitárias nacionais, fortalecendo a soberania brasileira, além de reduzir custos e garantir uma distribuição mais eficiente destes fármacos.
O coordenador do CN Vacinas, Ricardo Gazzinelli reforçou que, além da pesquisa sobre Covid-19, o CN Vacinas trabalha no desenvolvimento de imunizantes contra outras doenças, como malária, leishmaniose, chagas e mpox. Atualmente, também já existe uma cooperação na produção de testes diagnósticos com Bio-Manguinhos/Fiocruz.
Mario Moreira destacou a possibilidade da construção de um hub nacional baseado em uma promissora plataforma de vacinas de mRNA, a partir de uma parceria pautada em uma visão estratégica de atuação, na flexibilidade de operação no campo da inovação e em um sistema de governança equilibrado.