No comício de encerramento da campanha para as eleições parlamentares de domingo, Alberto Fenández pediu apoio para seguir fazendo o mesmo ao negociar com o FMI: “Não vou resolver em cinco minutos, porque quem resolve assim é porque concordou com o FMI em tudo o que ele pede”.
O presidente argentino Alberto Fernández, acompanhado pela vice-presidente Cristina Kirchner, conduziu a cerimônia de encerramento da campanha da Frente de Todos para a eleição legislativa de domingo 14 de novembro na cidade de Merlo, província de Buenos Aires, tratando dos problemas que o país deve enfrentar nos próximos anos.
Ao tratar da dívida que herdou do governo anterior, destacou que a firmeza nas negociações com credores privados gerou uma economia de US $ 37 bilhões para o país porque não se aceitaram as regras da especulação e os interesses nacionais é que ficaram no centro. Sobre a negociação com o FMI, destacou que “não vou resolver em cinco minutos, porque quem resolve assim é porque concordou com o FMI em tudo o que ele pede. E dou a razão para vocês, então vou levar o tempo que for preciso.”
O país renova neste domingo metade da Câmara de Deputados, composta por 257 assentos, e um terço do Senado, com 72.
Fernández assinalou que o país que receberam há dois anos, depois do governo de Mauricio Macri, era semelhante ao que com “dívidas, pobreza, desemprego, fechamento de empresas e com retrocesso na produção nacional”, Néstor Kirchner recebeu em 2003, destroçado pela herança do governo entreguista de Carlos Menem.
Lembrou que chegou ao Governo “com uma dívida impagável, 23 mil pequenas e médias empresas fechadas, sem ministérios da Saúde, Trabalho e Ciência e Tecnologia”, e disse: “Esse é o país de quem diz que agora vai resolver todos os problemas que nos deixou”.
“A Argentina está avançando da maneira que queremos, com produção e com trabalho”, afirmou o presidente, registrando que se vê “dia a dia pequenas e médias empresas que investem, que compram máquinas”, e exemplificou que “mais de 40 % da produção de automóveis tem componentes nacionais ”.
Ele também insistiu que trabalhará para converter planos sociais em empregos e que a pandemia de Covid-19 desacelerou os indicadores econômicos, mas assinalou que “fizemos muito e estou otimista, devemos continuar neste caminho, e a primeira condição que devemos sempre cuidar é não esquecer de estarmos unidos, o primeiro e essencial é a unidade do nosso espaço”.
“Nas eleições legislativas Primárias, Abertas, Simultâneas e Obrigatórias (PASO) que aconteceram em setembro descobrimos que muitos argentinos e argentinas não nos acompanharam, e decidi sair para ouvi-los”, reconheceu Fernández, e relatou que por isso começou a fazer visitas a diferentes bairros do grande Buenos Aires e regiões do país.
“Fui ouvindo e percebendo que todo o progresso que realmente ocorre ainda não atingiu a todos”, disse ele. Nesse sentido, explicou que as demandas que vinha recebendo, como a da inflação, foram convertidas em políticas específicas, como o congelamento de preços de produtos de primeira necessidade que vale até janeiro ou o dos remédios, anunciado esta semana.
“Digamos basta à Argentina da especulação financeira e sim à Argentina do trabalho e da produção nacional. Basta aos governos que usam a dívida para pagar aos bancos e sim à Argentina que usa a dívida para promover o trabalho e o desenvolvimento”, disse o presidente da Câmara dos Deputados, Sergio Massa, outro dos oradores do evento no qual também participaram as Mães e Avós da Plaza de Mayo, Estela de Carlotto, Taty Almeida e Lita Boitano e dirigentes sindicais e sociais.
Por outro lado, o governador de Buenos Aires, Axel Kicillof, destacou que “antes da pandemia veio a praga do macrismo”, pelo que exortou os presentes a pensarem nos “seis anos de crise entre o macrismo e a pandemia” na hora de votar no próximo domingo.
O partido no poder, a Frente de todos, declarou ter “otimismo moderado” sobre o que pode acontecer no resultado das eleições legislativas e esperam que desta vez votem os quatro milhões de eleitores da província de Buenos Aires que não votaram nas PASO, além dos que moram nas outras regiões do país.
Os resultados de domingo definirão como o governo continuará nos próximos anos. A frente aspira melhorar os resultados e sente que terá maior respaldo para enfrentar os 25 meses de gestão que ainda restam para Fernández.