Após ser apanhado pela Polícia Federal com provas de que esteve na sede da Odebrecht para pegar recursos ilícitos, Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual presidente da Câmara dos Deputados, alegou, em nota, que as propinas recebidas “em suas campanhas respeitaram a legislação vigente, estão registradas junto à Justiça Eleitoral e que prestará todos os esclarecimentos, caso venha a ser indagado pela Polícia Federal”. Explicação igual a do PT. Outros propineiros alegaram a mesma coisa, entre eles o ex-deputado e ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, atualmente presidiário. Como se o fato da Justiça Eleitoral ter sido usada para lavar o dinheiro ilícito a propina deixasse de ser propina.
A Polícia Federal afirmou ter provas de que Rodrigo Maia esteve na sede da Odebrecht no Rio de Janeiro no mesmo dia em que o sistema de contabilidade de pagamentos ilícitos da empreiteira registra um repasse destinado ao seu pai, o vereador e ex-prefeito do Rio Cesar Maia (DEM-RJ).
De acordo com os dados obtidos pela PF, “Rodrigo Felinto Ibarra Epitácio Maia”, nome completo do deputado, registrou-se na portaria da construtora às 12h25m do dia 30 de setembro de 2010. O Drousys, sistema interno de propina da Odebrecht, também continha uma prova relevante para aquela data: um registro de pagamento de R$ 100 mil para o codinome Déspota, atribuído a Cesar Maia, autorizado por Benedicto Junior.
Os acessos do deputado foram para encontrar o então diretor-presidente da empresa, Benedicto Junior. Anos após esses encontros, Benedicto Junior revelou, em sua colaboração premiada à Lava-Jato, que operou pagamentos ilícitos para Rodrigo Maia sob os codinomes Botafogo e Déspota — este último mais específico para o pai, Cesar Maia.
A informação foi divulgada neste domingo, 28, pelo jornal O Globo. De acordo com os colaboradores da Odebrecht, Rodrigo negociava o caixa dois para a campanha de César Maia. Os registros de entrada revelaram quatro visitas de Rodrigo Maia à sede da construtora no Rio, uma a cada ano, entre 2010 e 2013.
Nas semanas anteriores àquele encontro, as planilhas apontam outros registros de transações direcionadas, segundo os documentos, ao pai de Rodrigo Maia: R$ 100 mil, em 12 de agosto; R$ 100 mil, em 26 de agosto; e outros R$ 100 mil, na primeira semana de setembro. Rodrigo Maia é um dos principais defensores das medidas apresentadas por Michel Temer contra a Previdência Social pública.