O líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), afirmou que a presença de Flávio Bolsonaro no partido lhe dá “muita vergonha”.
“Quem tem que cair fora do PSL é o Flávio, não ela [a senadora Juíza Selma Arruda]. Gostaria que ele saísse hoje mesmo”, continuou.
As discussões dentro do PSL sobre apoiar ou não a abertura da “CPI da Lava Toga” levaram a senadora Juíza Selma Arruda (MT) a anunciar sua saída em direção ao Podemos. Flávio Bolsonaro anunciou que é contra a CPI. Assim como a senadora, o senador Major Olímpio também apoia a instalação da CPI.
“Nós que representamos a bandeira anticorrupção do Presidente. Eu tentei convencê-la a ficar e resistir conosco”, disse Major Olímpio.
Durante entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, o senador afirmou que a presença do filho de Jair Bolsonaro no partido dá “muita vergonha a nós”.
Quando Flávio era deputado estadual, em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), seu assessor e ex-motorista Fabrício Queiroz operou um esquema que centralizava as quantias retiradas dos salários dos assessores, muitos deles fantasmas. Entre 2014 e 2017, Queiroz movimentou R$ 7 milhões em sua conta bancária, identificados pelo então Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
O Coaf também identificou uma quantia atípica na própria conta de Flávio Bolsonaro. Foram 48 depósitos de R$ 2 mil. Jair Bolsonaro atacou o Coaf e tirou-o do Ministério da Justiça e o passou para o Banco Central. O Caof agora se chama “Unidade de Inteligência Financeira”.
Além disso, foram detectadas ligações do gabinete do parlamentar com integrantes das milícias do Rio. O MP suspeitou que o gabinete estava lavando dinheiro da milícia.
Adriano Nóbrega, miliciano, assassino profissional, integrante do Escritório do Crime, espécie de central de assassinatos das milicias, tinha sua mulher, Danielle Nóbrega, e sua mãe, Raimunda Veras Magalhães, empregadas no gabinete de Flávio Bolsonaro. O miliciano chegou a ser homenageado pelo deputado com a Medalha Tiradentes, a maior honraria do Rio de Janeiro, e recebeu a medalha quando estava preso acusado de assassinato.
Flávio Bolsonaro não quer a CPI da Toga porque foi beneficiado por uma decisão de Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Toffoli decidiu interromper as investigações de lavagem de dinheiro operada por Fabrício Queiroz.
Dias determinou que o Coaf não poderia repassar para as autoridades as irregularidades encontradas nas contas criminosas, sem autorização judicial. A decisão é liminar e deverá ser apreciada pelo pleno do STF. Mas, de qualquer maneira, ela beneficiou diretamente o filho de Bolsonaro, que foi quem pediu a suspensão das investigações.
A senadora Juíza Selma afirmou na sexta-feira (13), em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, que sofreu pressões e foi agredida por Flávio Bolsonaro pelo fato de estar apoiando a CPI, que quer investigar irregularidades que teriam sido cometidas por integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF).
A senadora afirmou que Flávio chegou a gritar com ela ao telefone em ligação no último dia 21. “Eu me recuso a ouvir grito, então desliguei o telefone”, contou a parlamentar matrogrossense. “A pressão vem de todo lado. A gente sofre um bombardeio”, disse ela.
“Na quarta-feira (11), um dos senadores que assinou também relatou que está sendo pressionado. Mas, das pessoas que assinaram, a mais vulnerável sou eu porque tenho um processo na Justiça. Fico sendo sempre a mais atingida”, acrescentou.
“Tenho recebido alguns recados até mais, digamos, chatos, tipo ‘cuidado, você tem um processo, tira a assinatura’. Não vou tirar não. Prefiro perder o processo”, contou a senadora.
Ela está ameaçada de perder o mandato, acusada de Caixa 2 durante a campanha de 2018. Em abril, o TRE-MT (Tribunal Regional Eleitoral do Mato Grosso) cassou o mandato da senadora Selma Arruda (PSL) por unanimidade. De acordo com o TRE-MT, Selma omitiu à Justiça Eleitoral gastos de R$ 1,23 milhão na campanha eleitoral do ano anterior.