O senador Major Olimpio (SP), líder da bancada do PSL, afirmou que “Flávio Bolsonaro para mim acabou, não existe”.
Em entrevista para o sistema Broadcast de notícias em tempo real do Grupo Estado, o senador criticou a atuação do filho de Bolsonaro contra a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Lava Toga, que visa apurar irregularidades no Judiciário, especialmente nos tribunais superiores.
A atuação de Flávio Bolsonaro, que é senador pelo PSL do Rio de Janeiro, para enterrar a CPI desagradou uma grande parte dos senadores da bancada. Entre eles, a senadora Juíza Selma Arruda (MT), que saiu do PSL e se filiou ao Podemos.
A senadora e ex-juíza disse que bateu o telefone na cara do filho de Bolsonaro quando ele gritou com ela por defender a CPI.
Quando ela se filiou ao Podemos, em solenidade no dia 18 de setembro, o Major Olímpio estava presente e declarou que também pensou em sair do PSL por causa de Flávio. Mas depois, segundo ele, chegou à conclusão de que “iria dar moleza para quem está errado”. “Então, eu e a Soraya Thronicke, também senadora pelo PSL, resolvemos ficar. Se tiver que sair, que saia ele, Flávio Bolsonaro”, disse naquele dia. “Agora estou mais PSL do que nunca”, completou.
Na opinião do Major Olimpio, a posição de Flávio Bolsonaro não representa o governo nem o PSL. “O pai dele ganhou a eleição dizendo que seria intransigente no combate à corrupção dentro de qualquer um dos Poderes, inclusive do Judiciário.” “Estou defendendo a CPI, estou me mobilizando por ela, porque é necessária”, disse.
Flávio Bolsonaro não quer a CPI porque foi beneficiado por uma decisão de Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Toffoli decidiu interromper as investigações de lavagem de dinheiro operada de dentro do gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio por seu motorista, Fabrício Queiroz.
Dias determinou que o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) não poderia repassar para as autoridades as irregularidades encontradas nas contas criminosas, sem autorização judicial. A decisão é liminar e deverá ser apreciada pelo pleno do STF, mas, de qualquer maneira, ela beneficiou diretamente o filho de Bolsonaro, que foi quem pediu a suspensão das investigações.
O Coaf detectou uma movimentação suspeita de R$ 7 milhões nas contas de Fabrício Queiroz entre 2014 e 2017, sem que seus rendimentos pudessem justificar esses gastos. Posteriormente o MP descobriu que foram feitos depósitos suspeitos também na conta do então deputado Fávio Bolsonaro. Foram 48 depósitos de R$ 2 mil em pouco espaço de tempo.
Além disso, foram detectadas ligações do gabinete do parlamentar com integrantes das milícias do Rio. O MP suspeitou que o gabinete estava lavando dinheiro da milícia.
Adriano Nóbrega, miliciano, assassino profissional, integrante do Escritório do Crime, espécie de central de assassinatos das milicias, tinha sua mulher, Danielle Nóbrega, e sua mãe, Raimunda Veras Magalhães, empregadas no gabinete de Flávio Bolsonaro.
O miliciano chegou a ser homenageado pelo deputado com a Medalha Tiradentes, a maior honraria do Rio de Janeiro, e recebeu a medalha quando estava preso acusado de assassinato.
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