Denúncia foi feita pela Controladoria-Geral da União (CGU). Entre julho e dezembro de 2022, Bolsonaro gastou dos cofres públicos quase R$ 2 bilhões com caminhoneiros e taxistas que não cumpriam os requisitos para acessar o auxílio criado nas vésperas da eleição presidencial
O ministro da Justiça, Flávio Dino, encaminhou para a Polícia Federal as evidências de que o governo de Jair Bolsonaro permitiu fraudes no pagamento dos Auxílios Taxista e Caminhoneiro para tentar comprar votos nas eleições de 2022.
De acordo com a análise da Controladoria-Geral da União (CGU), o antigo governo gastou R$ 2 bilhões com 350 mil caminhoneiros e taxistas que receberam o auxílio sem ter direito.
Já que a intenção de Jair Bolsonaro era usar o auxílio para conseguir votos, seu governo liberou os pagamentos, que eram de R$ 1 mil por mês, até para aqueles que não apresentaram todos os documentos.
Para driblar a legislação eleitoral, que proíbe medidas como essa que foi adotada em ano de eleições, Jair decretou “estado de emergência”. O auxílio durou somente entre julho e dezembro de 2022.
“A Controladoria Geral da União (CGU) identificou indícios de fraudes no pagamento de auxílio-taxista e de auxílio-caminhoneiro, em 2022. Estou enviando os relatórios à Polícia Federal para investigação dos agentes responsáveis pelos pagamentos indevidos”, publicou Flávio Dino em suas redes sociais.
78% dos taxistas que receberam o auxílio não apresentaram os documentos exigidos, no papel, pelo auxílio. Isso representa 246 mil pessoas que não apresentaram os documentos e, mesmo assim, levaram o dinheiro.
Foram identificadas pessoas com CPF irregular, que moram fora do Brasil, que constam como mortos, que não têm habilitação ou com habilitação vencida.
27% dos caminhoneiros que receberam o auxílio estão na mesma situação, significando 110 mil pessoas. A Controladoria encontrou até casos de caminhoneiros que constam como mortos nas bases de dados do governo.
A CGU indicou que o pagamento pode ter sido feito até mesmo para pessoas que não pediram o auxílio.
CPMI DO GOLPE
O ministro, em entrevista à Globonews, nesta terça-feira (6), declarou que se houver convite para prestar esclarecimentos à CPMI do Golpe irá comparecer com grande satisfação.
O ministro comentou, ainda, sobre a tentativa de parlamentares bolsonaristas de impedir que a CPMI do Golpe investigue os financiadores e incitadores do atentado do dia 8 de janeiro.
Na primeira sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, ocorrida na terça-feira (6) para votação do plano de trabalho, os deputados e senadores bolsonaristas já começaram a falar de teorias da conspiração que focam numa suposta omissão do governo Lula e deixa de lado a culpa dos que invadiram os prédios públicos.
Para Flávio Dino, “a CPI não pode perder o foco em razão de artimanhas de amigos dos terroristas”.
O Congresso tem que responder “quem organizou o acampamento? Quem financiou aquela gente que ficou pedindo socorro para extraterrestre e cercando quartel pregando golpe? Por que que o policiamento planejado não aconteceu?”
A versão dos bolsonaristas, continuou, “é uma perversidade, isto é abjeto”.
“Nós fomos vítimas no 8 de janeiro, nós fomos atacados. O governo, legítimo e eleito pelo povo brasileiro, foi alvo de terrorismo. E agora vêm os terroristas e seus amigos quererem distribuir responsabilidades inventando uma teoria de omissão, como se isso fosse equitativo”, apontou.
“Se o policiamento da Esplanada tivesse funcionado como estava planejado nos dias 6 e 7 de janeiro, haveria invasão da Câmara? Não. Do Senado? Não. Nem do Supremo e nem do Planalto. Então, nós temos que investigar as causas primeiras”, afirmou.
“As causas estão em que plano? Golpistas incentivados e financiados se aglomeraram em inusitados esdrúxulos acampamentos ao redor dos quartéis por meses planejando e esperando um golpe de estado”, afirmou.
“Acho que esse caminho deve ser respeitado, senão as vítimas viram algozes e os algozes tentam atenuar suas terríveis e imensas responsabilidades”.
Os bolsonaristas tentam, com argumentos desconexos, colocar a culpa em Flávio Dino e no ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias.
“O Gonçalves Dias tava lá nos acampamentos? Não. No dia [8 de janeiro], o GSI, o Ministério da Justiça ou a polícia do Senado ou do Supremo tinha autoridade jurídico-formal sobre a PM do DF? Também não”, rebateu.
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