Flávio Dino bloqueia mais de 1,2 mil emendas da saúde por falta de transparência

Ministro do STF, Flávio Dino (Foto: Antonio Augusto - STF)


Ministro do STF afirma que prazo foi ampliado, mas gestores não atenderam exigências de rastreabilidade dos recursos, exigida por lei

Mais de 1,2 mil emendas parlamentares destinadas à área da saúde estão com a execução suspensa por decisão do ministro Flávio Dino, do STF (Supremo Tribunal Federal).

O motivo é a ausência de regularização de contas bancárias específicas exigidas para garantir a rastreabilidade dos recursos públicos, exigência constitucional determinada pela Corte, em entendimento com o Congresso, para a transferência dos recursos públicos.

A medida atinge exatamente 1.283 emendas que, segundo informações da AGU (Advocacia-Geral da União), não atenderam aos critérios técnicos determinados previamente para a transferência dos valores.

Das 7.322 emendas registradas, 6.040 já se encontram devidamente regularizadas e aptas à execução, de acordo com a AGU.

DESBLOQUEIO COM REGULARIZAÇÃO DAS CONTAS

O bloqueio poderá ser revertido caso o Ministério da Saúde comprove a regularização das contas envolvidas.

Dino deixou claro que permanece aberta a possibilidade de desbloqueio, desde que haja solicitação formal e documentação que ateste a adequação de cada caso.

Na decisão, o ministro frisou que o STF já havia adotado postura flexível, e ampliado prazos para que os gestores públicos pudessem se adaptar às exigências.

No entanto, segundo ele, “não é possível aguardar indefinidamente pelo cumprimento dos deveres constitucionais”.

BLOQUEIO DAS CONTAS

“Em razão da ausência da abertura e/ou regularização de contas específicas, individualizadas por emenda, não resta alternativa a não ser o bloqueio das emendas parlamentares da saúde relativas às 1.283 contas não regularizadas informadas”, escreveu Dino no despacho.

Além disso, o magistrado solicitou que o Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Sistema Único de Saúde), que conduza avaliação independente sobre a situação de cada emenda pendente, com o objetivo de esclarecer as irregularidades e garantir maior controle sobre os repasses.

EMENDAS A EVENTOS

Na mesma decisão, Dino intimou a AGU (Advocacia-Geral da União) a informar detalhes sobre as “emendas PIX” destinadas a eventos e sobre o Perse (Programa Emergencial da Retomada do Setor de Eventos).

Em 10 dias, o órgão deverá dizer se há cronograma para que o Ministério do Turismo termine a análise para detalhar indicadores de aprovação de planos de trabalho relacionados a repasses de emendas.

Em 15 dias, a AGU terá de esclarecer qual tipo de controle foi adotado sobre os benefícios do Perse até abril de 2024.

Entre outros pontos, o detalhamento deverá demonstrar o quanto foi usado do benefício e em quais condições pelas empresas beneficiadas direta ou indiretamente com emendas parlamentares.  

TRANSPARÊNCIA E RASTREABILIDADE

Flávio Dino é o relator das ações no Supremo que questionam as regras para emendas parlamentares. O ministro já proferiu decisões, confirmadas pelo plenário da Corte, em que foi exigido o atendimento a critérios de transparência e rastreabilidade para os recursos envolvidos.  

Sobre o tema, foi construído e homologado pelo STF “Plano de Trabalho” conjunto entre os poderes Executivo e Legislativo. A proposta detalha novas providências para dar transparência à execução das emendas parlamentares.

O acordo foi homologado pelo ministro no final de fevereiro, em decisão confirmada pela unanimidade do plenário.

Contudo, práticas do antigo “orçamento secreto” do tempo da gestão Bolsonaro ainda persistem.

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