As investigações sobre esta tentativa golpista estão avançando muito bem”, afirmou o ministro da Justiça. Marcos do Val afirmou em entrevista, na última quinta-feira (2), que o ex-deputado federal Daniel Silveira o levou à reunião com o ex-presidente Bolsonaro para tratar sobre golpe de Estado. Depois complicou a história toda com várias versões sobre o episódio
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino afirmou nesta segunda-feira (6) que a Polícia Federal (PF) vai investigar o plano de golpe revelado pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES), que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ).
“O inquérito policial, claro, vai ser aberto atendendo a essa determinação [do ministro Alexandre de Moraes]. As investigações sobre esta tentativa golpista estão avançando muito bem”, afirmou Dino, em entrevista para o portal UOL.
Recentemente, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou que a PF investigue a denúncia feita pelo senador capixaba.
ENTENDA O CASO
O senador Marcos do Val afirmou em entrevista, na última quinta-feira (2), que o ex-deputado federal Daniel Silveira o levou à reunião com o ex-presidente Bolsonaro para tratar sobre golpe de Estado.
Daniel Silveira foi, novamente, a “bucha de canhão”, que o ex-chefe do Executivo precisava. No mínimo, o senador prevaricou.
Prevaricação é crime cometido por funcionário público quando, indevidamente, esse retarda ou deixa de praticar ato de ofício, ou pratica-o contra disposição legal expressa, visando satisfazer interesse pessoal.
O senador também confirmou que avisou ao ministro Alexandre de Moraes sobre o plano. De acordo com o relato do senador, a ideia de Silveira e Bolsonaro, apresentada a Marcos do Val, segundo o senador, na reunião, incluía gravar Moraes em busca de declarações comprometedoras do ministro.
O parlamentar também afirmou que não foi coagido por Bolsonaro, que teria ficado calado durante a reunião com Silveira. Essa versão foi diferente da “live” que teria participado com representantes do MBL (Movimento Brasil Livre).
Mais cedo, durante a madrugada, o senador havia dito em transmissão ao vivo que teria sido coagido pelo ex-presidente: “Eu ficava p*** quando me chamavam de bolsonarista e vocês esperem, eu vou soltar uma bomba aqui para vocês: sexta-feira, vai sair na Veja a tentativa do Bolsonaro de me coagir para que eu pudesse dar um golpe de Estado junto com ele. É lógico que eu denunciei”, disse o senador em conversa com membros do MBL.
SILÊNCIO DE BOLSONARO: QUEM ACREDITA
O senador conta que teria sido procurado por Daniel Silveira para encontro com o ex-presidente. Eles teriam utilizado veículo não oficial para chegar à Granja do Torto (segundo a nova versão confusa do senador, ele não sabe se foi no Palácio da Alvorada ou na Granja do Torto), onde se reuniram com Bolsonaro.
Na Granja do Torto, Silveira teria explicado o plano que incluía grampear o ministro do Supremo Alexandre de Moraes visando captar falas comprometedores por parte do magistrado. Marcos do Val seria, então, encarregado de portar a escuta e entrar em contato com Moraes.
Segundo o senador capixaba, ao tentar convencê-lo, Silveira teria afirmado que o ato seria “uma missão que salvaria o Brasil”. Marcos do Val disse que pensaria na proposta, rejeitada mais tarde por ele próprio, conforme afirmou.
O senador informou que Bolsonaro teria ficado calado na reunião. Quem acredita que o falastrão do ex-presidente, que tramara durante 4 anos golpe de Estado, teria ficado calado?
“MISSÃO” RECUSADA
“Não aceitei. Isso [grampear alguém] é ilegal. Você precisa ter autorização de um juiz”, declarou o senador poltrão.
Ao sair do encontro, do Val decidiu que iria procurar Moraes para avisá-lo sobre o plano. Dias depois, no salão branco do STF, o senador teria alertado o magistrado que, segundo ele, teria ficado surpreso com o conteúdo da reunião.
Diferentemente do que afirmou mais cedo, o senador disse que Silveira tentou manipular Bolsonaro para que, com a participação do senador, o golpe de Estado pudesse ser concretizado.
“O que ficou claro era o Silveira tentando achar uma nova forma de não ser preso novamente, já que ele descumpria todas as decisões de Moraes”, completou o senador.
M. V.