O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), criticou a medida do governo de liberar o saque do FGTS. Para o governador, isso “é um pingo d’água no oceano da recessão”.
“Uma agenda de empregos pressupõe redução de juros, mais crédito e novos investimentos públicos. É isso que todos os países realmente soberanos fazem”, comentou Flávio Dino em entrevista para o blog do Sakamoto.
“Liberação de pequena parcela do FGTS é muito pouco diante de uma economia paralisada e com 13 milhões de desempregados. É preciso ter coragem e sensibilidade social. E parar de pensar só nos Estados Unidos e nos mais ricos”, recomendou o governador.
“É urgente a ampliação de obras públicas. E um programa emergencial de socorro a famílias endividadas, para melhorar demanda. Há caminhos. Mas é preciso ter foco no Brasil”, afirmou Flávio Dino.
O governador maranhense também criticou a atuação do governo Bolsonaro no caso do abastecimento de combustível dos navios iranianos.
O Irã sinalizou que vai suspender importações do Brasil se os navios retidos em Paranaguá não forem reabastecidos. Os navios trouxeram ureia e levariam uma carga de milho ao Irã, que é o maior importador do produto brasileiro.
“A política externa submissa aos Estados Unidos gera prejuízos ao Brasil. Esses subalternos aos Estados Unidos não são patriotas de verdade. São fariseus”, escreveu no Twitter o governador do Maranhão.
Bolsonaro impediu que a Petrobrás abastecesse dois navios iranianos (Bavand e Termeh), que estão fundeados perto do porto de Paranaguá desde o início de junho.
A alegação é de que a estatal poderia ser alvo de sanções do governo dos EUA se o fizesse.
Mas a empresa exportadora que alugou os navios garantiu que não faz parte da lista de empresas sancionáveis e que alimentos estão fora da lista de sanções. A Petrobrás também não faz parte dessa lista.
Bolsonaro, ao falar do assunto, deixou explícito que a medida foi mesmo para bajular Trump, sem levar em conta os interesses brasileiros. “Eu particularmente estou me aproximando cada vez mais do Trump, fui recebido duas vezes por ele. Ele é a primeira economia do mundo, segundo o mercado econômico. E hoje abri, inclusive aos jornalistas estrangeiros, uns 20 presentes, que o Brasil está de braços abertos para fazermos acordos, parcerias. O Brasil é um país que não tem conflito em nenhum lugar do mundo, graças a Deus, pretendemos manter nessa linha, mas entendemos que outros países têm problemas e nós aqui temos que cuidar dos nossos em primeiro lugar”, declarou Bolsonaro.
Na quarta-feira (24), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, recuou da sua primeira decisão e determinou que a Petrobrás abasteça os navios iranianos.