O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, rebateu numa rede social uma fala do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e afirmou que a “investigação bem feita” junto com “a atuação coordenada das Polícias e do Ministério Público” é mais eficaz contra o crime organizado do que “milhares de tiros a esmo”.
Dino foi ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Lula e trabalhou para estruturar o Sistema Único de Segurança Pública, que mirava os “atacadistas do crime”, como ele chamava.
“Os livros técnicos e a experiência mostram que uma investigação bem feita, com a atuação coordenada das Polícias e do Ministério Público, e a supervisão judicial cabível, faz mais pelo enfrentamento ao crime organizado do que milhares de tiros a esmo e as famosas ‘balas perdidas’”, escreveu o ministro do STF.
O comentário foi publicado depois do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), criticar a política de segurança do governo por supostamente não querer “trocar tiro com bandido”.
Lira pontificou que “o problema da segurança vem de um combate efetivo”. “A Polícia Federal cumpre um papel institucional forte. Muitas vezes tenta-se desviar e dar um foco que é mais midiático”, completou, talvez demonstrando incômodo com as investigações da PF sobre a tentativa de golpe de Bolsonaro e outras apurações envolvendo o ex-presidente.
“E combate ao tráfico de armas, ao tráfico de drogas, ao tráfico de seres humanos no Brasil, é ineficaz”. Lira fez as críticas durante um evento da Frente Parlamentar do Empreendedorismo, na terça-feira (19).
Enquanto ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino também deu foco para a investigação acerca do assassinato da vereadora Marielle Franco, ocorrido em 2018 e nunca solucionado.
Um dos assassinos, Ronnie Lessa, fechou um acordo de delação premiada, já homologado pelo STF. Diversos jornalistas confirmam que ele entregou o nome do mandante e os motivos pelo qual o assassinato foi contratado.