
Decisão do BC é que arrocho monetário continue e por um tempo prolongado
Os bancos e instituições financeiras mantiveram a expectativa para inflação deste ano em 5,65%, conforme dados do boletim Focus do Banco Central (BC), divulgados nesta segunda-feira (14). A estimativa altista da inflação foi mantida mesmo após o IPCA, índice oficial de inflação, sinalizar desaceleração no mês de março deste ano.
Na última sexta-feira (11), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelos cálculos do IPCA, informou que a inflação variou em alta de 0,56%, resultado abaixo da taxa de 1,31% registrada em fevereiro. O IPCA também revela que no mês passado o resultado da inflação foi puxado pelos preços dos alimentos (1,17%) – que responde por 45% do IPCA – pressionado pela disparada dos preços do café e dos ovos.
Os preços dos alimentos no Brasil vêm sofrendo impactos de fatores de clima e pela valorização pontual de algumas commodities agrícolas no mercado internacional, elementos que não podem ser atingidos pela política monetária contracionista do Banco Central (BC). Mesmo assim, os bancos mantêm a projeção da Selic (taxa de juros básica) em 15% em dezembro deste ano, como forma de pressionar o BC a seguir elevando os juros no Brasil.
Hoje, a Selic está fixada em 14,25% ao ano, após quatro decisões de aumento do nível da taxa pelo Comitê de Política Monetária do BC (COPOM).
A economia brasileira já está sentindo os efeitos negativos dos juros altos. Segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) do BC, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro subiu apenas 0,1% no trimestre encerrado em fevereiro em relação ao trimestre anterior, sinalizando estagnação. Um período em que o setor de serviços caiu -0,1% e a indústria registrou apenas 0,1% de crescimento.
De acordo com o Banco Central, em ata após elevar o juro para 14,25% ao ao, frear a economia “exige uma restrição monetária maior e por mais tempo”.