
Bancos e demais rentistas consultados pelo BC, em sintonia, não abrem mão de Selic a menos de 15%
As instituições financeiras reduziram a projeção de inflação para 2025, de 5,20% para 5,18%, segundo o Relatório Focus divulgado pelo Banco Central (BC), nesta segunda-feira (7). Esta é a sexta semana seguida de queda nas “expectativas” de inflação, no entanto, o cartel dos bancos, consultado pelo BC, mantém a Selic (taxa de juro básica) do BC em 15% no final deste ano.
Com a expectativa de inflação baixa e a manutenção dos juros em alta, a taxa de juro real aumenta. Considerando uma Selic de 15% e uma inflação esperada de 5,18%, o juro real chega a quase 10% – esse é o ganho dos bancos sobre as aplicações financeiras atreladas à Selic.
Pelas estimativas do mercado, os juros devem seguir em patamares elevados em 2026 (12,5%), 2027 e 2028 (10%). Previsão que vem em sintonia com as declarações do próprio presidente do BC, Gabriel Galípolo, de que os juros continuarão nas alturas e “por um período bastante prolongado”.
Os juros elevados, ao encarecerem o crédito e inibirem a demanda por bens e o consumo, provocam uma desaceleração da economia e da geração de empregos no país.
Segundo análise do próprio BC, o ciclo de aumento do juro base foi “rápido e bastante firme” e espera uma deterioração mais acentuada da atividade econômica nos próximos trimestres como efeito das “defasagens inerentes aos mecanismos de transmissão da política monetária”, diz o trecho da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou o nível da Selic em 0,25 ponto percentual, de 14,75% para 15% ao ano, o maior nível desde julho de 2006.
Conforme dados recentes do IBGE, a produção industrial nacional recuou 0,5% em maio de 2025 em relação a abril do mesmo ano (queda de -0,2%), com queda de -0,4% pelas Indústrias de transformação – que corresponde a mais de 80% da indústria geral. Em abril, o setor ficou -0,7% em baixa na sua produção.
Em maio, a fabricação de máquinas e equipamentos recuou -0,2%, na mesma base comparativa. O segmento industrial já projeta uma desaceleração das atividades para o segundo trimestre deste ano. “Por dois fatores: primeiro, a base de comparação do período anterior é maior, segundo, está relacionada à política macroeconômica supercontracionista do Banco Central”, afirma a diretora de Competitividade, Economia e Estatística da Abimaq, Cristina Zanella.
Na passagem de abril para maio, ainda, o faturamento industrial caiu 1,2%, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgados nesta segunda-feira (7). “É o terceiro mês consecutivo de queda no indicador”, ressalta a entidade.
Conforme o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, “a demanda por produtos industriais vem diminuindo, com impactos na atividade e, consequentemente, da receita das empresas. O ano de 2025 ainda será positivo para a indústria, mas em ritmo abaixo do observado em 2024”, explica.
A geração de empregos pela indústria praticamente ficou paralisada em maio, também revela a CNI: “o emprego registrou ligeira alta de 0,1%, após queda observada em abril – a primeira em 18 meses. Na comparação do trimestre encerrado em maio com o trimestre imediatamente anterior, o mercado de trabalho da indústria acumulou alta de 0,4%”.