
Enquanto os bancos têm superlucros, o setor produtivo desacelera
As instituições financeiras realizaram um novo corte na estimativa de inflação de 2025, que caiu de 5,05% para 4,95%. Apesar da décima segunda semana seguida de redução na expectativa, o boletim Focus do Banco Central (BC), divulgado nesta segunda-feira (18), mostra que os bancos mantêm em 15% ao ano a projeção do nível da taxa básica de juros (Selic) no final de 2025 – mesmo patamar de hoje.
Com a inflação esperada em baixa e o nível da Selic sendo preservado em 15%, o juro real já passa dos 10% ao ano, para sangrar ainda mais a economia brasileira, em prol de elevar os lucros dos bancos. O que ilustra bem essa asserção, por exemplo, são os bons resultados dos três principais bancos privados no Brasil: Itaú, Bradesco e o espanhol Santander, que juntos registraram um lucro líquido de R$ 42 bilhões no primeiro semestre de 2025 – alta de 19,8% em relação ao mesmo período de 2024, quando somou R$ 35,1 bilhões.
O Itaú registrou um lucro recorrente de R$ 22,6 bilhões no primeiro semestre, 14,1% maior que o do mesmo período de 2024. Enquanto o Bradesco lucrou R$ 11,9 bilhões (aumento de 33,7% ante aos mesmos seis primeiros meses do ano anterior) e o Santander lucrou R$ 7,5 bilhões (18,4% de crescimento frente ao 1º semestre de 2024).
DESACELERAÇÃO
Em junho deste ano, a economia brasileira registrou uma contração de 0,1% na comparação com o mês anterior (maio, queda de -0,7%), segundo dados do IBC-Br do Banco Central – considerado como “prévia” para o Produto Interno Bruto (PIB), calculado e divulgado oficialmente pelo IBGE. O indicador de serviços subiu 0,1% em junho, enquanto o IBC-Br da indústria caiu 0,1% no mês.
De acordo com o indicador, o PIB brasileiro registrou alta de apenas 0,3% no segundo trimestre deste ano. O resultado não só sinaliza estagnação, mas também forte desaceleração da atividade econômica em relação ao crescimento observado no primeiro trimestre de 2025 (alta de 1,5%).
Ao analisar os dados do IBC-Br, o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) destaca que as principais categorias econômicas do país seguiram desacelerando no segundo trimestre deste ano.
“O desempenho dos grandes setores econômicos nos últimos meses indica continuidade da desaceleração do nível de atividade no 2º trimestre de 2025, ratificada hoje pela divulgação do índice IBC-Br do Banco Central. Indústria e comércio, que possuem mercados expostos ao aumento dos juros, foram os que pisaram no freio mais fortemente”, afirma o Iedi, em nota.
De acordo com o IBC-Br, o PIB da indústria praticamente não cresceu no segundo trimestre deste ano, ao variar em alta de 0,1% frente ao trimestre anterior. Segundo a prévia do PIB, o setor de serviços cresceu 0,7% no segundo trimestre.
“Os serviços”, diz o Iedi, “ainda que com alguns sinais de perda de fôlego, seguem na frente, apoiados no mercado de trabalho aquecido e alguma moderação do aumento de sua inflação”, completa.
Em junho deste ano, segundo dados do IBGE, a produção industrial marcou apenas alta de 0,1%, após ter caído em -0,6% em maio deste ano, o mesmo resultado registrado em abril. No 1º trimestre e no 2º trimestre de 2025, a produção industrial registrou altas de 0,2% e 0,1%, na ordem, ambos frente ao trimestre imediatamente anterior. No 4º trimestre de 2024, o setor registrou queda de -0,1%.
Já as vendas pelo comércio varejista caíram -0,1% na passagem de maio para junho, marcando o terceiro mês seguido de queda. Quando verificado a modalidade ampliada, que inclui veículos, motos, partes e peças, material de construção e atacado, as vendas recuaram 2,5% na mesma base.
Por sua vez, o volume de serviços no país variou 0,3% em junho frente a maio deste ano. Na média trimestral, o volume de serviços prestados do país praticamente não cresceu, ao variar em alta de 0,3% no trimestre encerrado em junho de 2025, frente ao trimestre móvel anterior (março a junho de 2025).