
Com lucros na lua, bancos apostam na manutenção do arrocho monetário sobre a economia com Selic a 15%
Bancos e instituições financeiras voltaram a reduzir a projeção da inflação para o final de 2025, que caiu de 4,95% para 4,86%, segundo o boletim Focus do Banco Central (BC), divulgado nesta segunda-feira (25). A estimativa para o patamar da Selic (taxa básica de juros) foi mantida em 15% – atual nível.
Com mais um corte na inflação esperada e o nível da Selic sendo preservado em 15%, a taxa de juros reais aumenta. Nesse cenário, pelos cálculos da CNI (Confederação Nacional da Indústria), o juro real deve encerrar 2025 em torno de 10,0% ao ano. No último mês de 2024, a taxa encerrou em 7,0% a.a.
Com o arrocho monetário imposto pelo Banco Central, afetando investimentos, vendas e o consumo das família, na semana passada, a CNI revisou para baixo a projeção de crescimento do PIB da indústria, de 2% para 1,7%.
“Para o restante do ano”, afirma a CNI, “esperamos que os juros elevados sigam penalizando a Indústria de transformação, seja encarecendo o investimento, seja reduzindo a demanda por bens industriais”, crítica a entidade, que estima um crescimento de 2,3% para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano – resultado abaixo do crescimento observado em 2024, época que o PIB avançou 3,2% – mesmo desempenho registrado em 2023.
O PIB, que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, é calculado e divulgado oficialmente pelo IBGE. Os bancos projetam um arrefecimento ainda maior do indicador econômico, cuja estimativa recuou de 2,21% para 2,18%, conforme o boletim Focus.
Considerado como “prévia” para o PIB, o índice de atividade do BC (IBC-Br) registrou apenas 0,3% no segundo trimestre deste ano, desacelerando em relação ao primeiro trimetre (1,5%). Outro indicador prévio, o Monitor do PIB-FGV, mostra um crescimento de 0,5% na atividade econômica na mesma base. No primeiro trimestre, a economia cresceu 1,3%.
“De modo geral”, diz Juliana Trece, coordenadora do Monitor do PIB, “embora a economia tenha seguido em crescimento no segundo trimestre, houve relevante desaceleração ao observado no primeiro. Além de não haver a forte contribuição positiva da agropecuária, que foi registrada no primeiro trimestre, o efeito defasado do elevado patamar dos juros na atividade econômica também ajuda a explicar essa desaceleração”.