Banqueiros usam ataque especulativo com dólar para embolsar mais dinheiro público
Os bancos e instituições financeiras aumentaram a previsão da inflação de 4% para 4,05% em 2024, pressionando para a manutenção dos juros altos no país. Os números são do Boletim Focus do Banco Central, divulgados nesta segunda-feira (22).
Semanalmente, o BC consulta mais de 100 instituições financeiras sobre as suas expectativas para os principais indicadores econômicos. Há quatro semanas, o ponto médio das projeções para a inflação estava em 3,98%, mantendo o juro real entre os mais altos do mundo.
Na próxima semana, o Comitê de Política Monetária do BC define a taxa básica de juros (Selic), hoje em 10,50%, quando na última reunião o colegiado decidiu, por unanimidade, parar a redução de queda nos juros, o que vinha ocorrendo a conta-gotas.
O mercado financeiro manteve a projeção da taxa básica de juros (Selic) em 10,50% ao ano, no encerrar de 2024 – o que significa que, pela mediana das projeções, metade das instituições ouvidas indicaram uma Selic maior no fim deste ano. Para 2025, a previsão é que a Selic fique em 9,50%, com uma inflação de 3,90%.
A alta das previsões da inflação veio acompanhada por movimentos especulativos do câmbio e de fracassadas profecias de Nostradamus de colapsos das contas públicas. Segundo o Focus, a mediana das projeções para o dólar avançou de R$ 5,22 para R$ 5,30 em 2024. Há 4 semanas, a previsão estava em R$ 5,15.
Já a projeção para o resultado primário em 2024 se manteve em -0,70% do PIB, sendo a quarta semana seguida. Para 2025, passaram o déficit de -0,66% do PIB para -0,67% do PIB. Por outro lado, as previsões para a economia são medíocres. O Brasil deve crescer apenas 2,15% em 2024, abaixo dos resultados de 2022 e 2023, 3% e 2,9%, respectivamente.
A pressão dos bancos e de fundos especulativos nacionais e estrangeiros ocorrem na busca de que o governo avance com cortes radicais orçamentários, congelamento de salários e retiradas de direitos previdenciários, entre outras conquistas constitucionais; com fim de preservar o “arcabouço fiscal” e as metas fiscais, criadas pela equipe econômica do governo Lula – que já anunciou a promoção de bloqueios de verbas neste ano e cortes no orçamento de 2025.
Enquanto isto, o pagamento de juros, o maior e verdadeiro gasto que deveria ser limitado, segue livre das amarras de regras “fiscalistas”. Nos últimos 12 meses até maio deste ano, o gasto com os juros retirou mais de R$ 780 bilhões do orçamento público (dinheiro de toda a sociedade) para remunerar bancos, rentistas e outros especuladores do erário, que não produzem um parafuso sequer neste país.