A cada dia que a inflação cai sem que Campos Neto reveja Selic, os juros reais só fazem subir. O “mercado”, que não quer perder a mamata, projeta apenas 1.5 ponto percentual de queda na Selic até o final do ano
O Boletim Focus desta semana projeta a inflação de 2023 recuando para 4,95%, com a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) estável em 2,19%. A projeção da Selic, taxa de juros básica da economia, manteve-se em 12,0% no final do ano. É a oitava queda da inflação, sendo que, dos 5,06% da semana retrasada, projetou-se uma redução de 2,17%.
A manutenção da Selic em 13,75% pelo presidente do Banco Central, com a inflação em queda, como está sendo detectada até pelo próprio mercado, representado no caso pelo Boletim Focus, significa, na prática, uma elevação do juro real atual do país – a diferença entre os juros nominais e a inflação. O Brasil já ostenta 8,69% de juros reais, a maior taxa de juro real do mundo.
Para o final do ano, ou seja daqui a seis meses, o mercado estima uma taxa Selic variando dos 13,75% atuais para 12%. Ou seja, com a projeção de inflação de 5,06%, o Boletim Focus, apesar de toda a pressão da sociedade e do setor produtivo, está tentando influenciar o Banco Central a manter uma taxa real de juros em torno de 6,49%. Com isso, seguramente, querem manter o Brasil como campeão mundial dos juros altos.
Se a Selic permanece em 13,75% até agosto, como vem insistindo Campos Neto, significa que até lá quem aplicar nos títulos da dívida pública, terá ganhos em torno de 8,69% ao ano, taxa de retorno praticamente impossível de ser obtida em qualquer outro investimento produtivo.
Para quem tem alguns milhões, ou dezenas deles, terá ganhos fantásticos, com apenas alguns clicks. Os viciados nesse processo podem estourar seus champanhes e quem deseja investir no setor produtivo fica travado. A economia patina, o desemprego aumenta, o trabalho precário se agrava também, a renda das famílias cai e o país, submetido a essa financeirização, há muito tempo, fica sem futuro.
As projeções do Focus desta semana, mais uma vez, manifestam o desejo do mercado financeiro de continuar assaltando o erário da União, quer dizer o dinheiro dos impostos pagos pelo povo, assim como de impedir que o país consiga condições de estabelecer um período de crescimento econômico, especialmente de reindustrialização.
Aloysio Mercadante, presidente do BNDES, na recente reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), assinalou que “com a maior taxa de juro do mundo, de janeiro a maio do ano passado, o custo da taxa de juros foi de R$ 187 bilhões para o fiscal do governo. De janeiro a maio deste ano, foi de R$ 297 bilhões. São R$ 110 bilhões a mais de custo fiscal. Além de inibir o investimento, estamos aumentando a dívida pública”.
O mais grave é que a atual diretoria do Banco Central (BC), com seu presidente Campos Neto à frente, vem transformando o banco numa sucursal da Faria Lima (avenida que concentra grande número de sedes de bancos e assemelhados em São Paulo), baseando suas decisões apenas nas avaliações do setor. Qual a isenção daqueles que vivem da renda dos juros para estabelecer as taxas que os remuneram?
Querem que as coisas continuem assim porque estão se “dando muito bem” e o resto do país, do povo, isso fica para depois. Como alguém já disse, “é simples assim”. O Boletim Focus é produzido pelo Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais (GERIN) do Banco Central. Ele é feito a partir da pesquisa com mais de cem empresas financeiras que fazem suas projeções.
Hora do povo, sabemos o que vocês escreviam nos verões passados! É vergonhoso um jornal que denunciou de forma tão brilhante, técnica e precisa a ladroagem dos esquemas de corrupção do PT com as empreiteiras e a Petrobrás, que na prática foi um assalto de bilhões de reais do orçamento público, do dinheiro do povo e poucos anos depois vocês se fingem de bobos e praticam essa amnésia política descarada. Fingem que não sabem mais ou não se importam com tudo de mal que Lula e seus comparsas fizeram a nossa nação, tudo por conta do raso, simplório e cínico argumento de que havia um mal maior que devia ser combatido, que era o Bozonaro. Eu como cirista perene e fã/leitor do jornal, acho que vocês deviam explicações do porquê de terem entrado vergonhosamente nessa turma de jornalistas e intelectuais apoiadores puxa-sacos do lulopetismo. É um partido, corrupto, reformista moderado, conservador no plano político e econômico e amigo fraterno do grande capital, do rentismo e do congresso infestado de raposas direitistas defensoras do regime oligárquico neoescravocrata nacional. VERGONHA!
Você não é nosso fã nem leitor do nosso jornal. Se fosse, saberia que nós estivemos na oposição a Bolsonaro, assim como estaríamos na oposição a Hitler. Por que essa comparação? Porque os comunistas alemães estiveram na oposição – e na denúncia – da social-democracia alemã, até que os nazistas, em janeiro de 1933, subiram ao poder. Naquele momento, eles se tornaram oposição ao nazismo e propuseram (como, aliás, já tinham feito antes) aliança aos sociais-democratas, contra Hitler.
Nós não fingimos nada. Sabemos perfeitamente – e nos lembramos perfeitamente – do que escrevemos. Mas o que não podíamos fazer é, precisamente, fingir que Bolsonaro (e suas ameaças à democracia, ao povo e ao Brasil) não existia. Claro que tínhamos de mudar de política, diante da nova situação – e o fizemos, assim que Bolsonaro foi eleito.
Quem está fingindo – nesse caso, fingindo que Bolsonaro não existiu – é você. E não nos venha dizer que é cirista, pois isso também não é verdade. No segundo turno, Ciro votou em Lula e declarou isso publicamente. Logo, o máximo que podemos dizer é que fingir que Bolsonaro não existia ou não era um perigo, é coisa de bolsonarista. Você pode não perceber, o que é pior, mas assim é.