Jair Bolsonaro mostrou para os jornalistas a conversa de WhatsApp com Sérgio Moro e provou, sem querer, que as imagens de prints de seu celular apresentadas pelo ex-ministro, após coletiva de imprensa em que anunciou sua saída do governo, eram verdadeiras.
Em frente ao Palácio do Planalto, na terça-feira (5), Jair Bolsonaro mostrou, no celular, para os jornalistas presentes uma parte de sua conversa com Sérgio Moro, sendo dos dias 22 e 23 de abril.
Na conversa do dia 23, consta exatamente o que Moro tinha divulgado. Bolsonaro enviou uma notícia do jornal O Antagonista que dizia: “PF na cola de 10 a 12 deputados bolsonarisas”. Logo embaixo, Jair Bolsonaro fala: “mais um motivo para a troca”, se referindo a demissão do diretor-geral da Polícia Federal, que era Maurício Valeixo.
O ex-juiz Sérgio Moro respondeu que “este inquérito é conduzido pelo ministro Alexandre no STF. Diligências por ele determinadas. Quebras por ele determinadas. Buscas por ele determinadas”.
No dia anterior, 22, Jair Bolsonaro enviou o mesmo link. Segundo ele, a resposta de Sérgio Moro seria a prova de que ele teria mudado de posição de um dia para o outro. Bolsonaro mencionou e leu para os jornalistas apenas que Moro respondeu “Isso é fofoca”.
Mas Moro continuou dizendo: “Tem um DPf [delegado de Polícia Federal] atuando por requisição no inquérito das fake news e que foi requisitado pelo ministro Alexandre”. “Não tem como negar atendimento a requisição do STF [Supremo Tribunal Federal]”, completou.
Bolsonaro só mostrou no celular a primeira parte da frase e omitiu a seguinte, mas a televisão conseguiu pegar toda ela.
Depois de só ter lido a primeira frase da resposta de Moro, Bolsonaro disse que “o Moro diz que isso é fofoca porque ele tem informação privilegiada. Se isso é fofoca, ele diz que o inquérito que existe no Supremo não tem nome de deputado federal nem do Carlos Bolsonaro”.
Ficou claro que o ministro se referia como “fofoca” a notícia de que a “PF na cola de 10 a 12 deputados bolsonaristas”. O ministro queria rebater que não era a PF, mas um inquérito conduzido pelo STF, que tinha um delegado da PF na equipe requisitado por Moraes, conforme as suas mensagens.
Bolsonaro só confirmou o que Moro disse.
Na terça-feira à noite, Moro rebateu em nota o que Bolsonaro insinuou.
“O presidente me enviou, nos dias 22 e 23 de abril, o mesmo link do site Antagonista com o título ‘PF na cola de 10 a 12 deputados bolsonaristas’. Nas duas vezes, ciente da intenção do presidente de substituir o diretor-geral da PF, busquei minimizar o fato, afirmando que quem conduzia o inquérito era o ministro Alexandre de Moraes e que a PF só cumpria ordens. A ‘fofoca’ empregada na resposta à primeira mensagem tem esse sentido, de que a PF nada fazia além de seu trabalho regular”, disse o ex-ministro.
“Já em relação à segunda mensagem do presidente, não consegui responder à afirmação dele de que a existência deste inquérito seria ‘mais um motivo para troca na PF’. Entendo, respeitosamente, que cabe ao presidente da República explicar como o inquérito se relacionaria com a substituição do diretor-geral da PF”, completou.