No meio da noite de sábado, um prédio ao lado do prestigiado hotel Hay Adams, situado a uma quadra da Casa Branca ardeu em chamas, a poucos metros dali um pelotão de policiais se via alvo de fogos de artifício atirados por manifestantes irados com o assassinato violento de um negro desarmado: George Floyd e com o ndiciamento do policial assassino por “homicídio culposo” (aquele em que o homicida não tinha intenção de matar).
As manifestações entraram pelo quinto dia com a tensão mais elevada e confrontos registrados pelo NYT de costa a costa do país em 48 cidades norte-americanas, incluindo, além da capital, Washington, Nova Iorque, Los Angeles, Indianápolis, Chicago, Portland e Filadélfia, entre muitas outras.
Se em Washington o que se viu foi o fogo em prédios adjacentes à Casa Branca, carros incendiados, vidraças de lojas estilhaçadas e tentativas de romper as barreiras policiais em torno da sede do governo por manifestantes negros, brancos e latinos, em Nova Iorque milhares tomaram as ruas nos bairros Queens, Brooklin e Harlem e chegaram até Manhattan, com carros policiais também incendiados.
Nas noites anteriores, o epicentro da revolta foi a cidade de Minneapollis, na qual Floyd foi assassinado pelo policial Derek Chauvin ajoelhado e com todo o seu peso sobre seu pescoço. Ali uma das sedes da polícia local foi parcialmente incendiada.
Ao invés de apontar para a causa da rebelião, a violência e o racismo tantas vezes exercido por policiais norte-americanos (é só lembrar da morte em condições similares do vendedor ambulante Erik Garner, em 2014, em um bairro de Nova Iorque), Trump preferiu acusar a “esquerda” e os “anarquistas” pela violência que eclodiu no país sob seu governo cada vez mais instável (surto maior do mundo de Covid-19 cobrando 100 mil vidas, mais do que as de norte-americanos nas guerras do Vietnã, Coreia, Iraque e Afeganistão juntas, mais de 40 milhões de norte-americanos recorrendo ao seguro-desemprego).
TRUMP SE DISSE ‘PROTEGIDO POR CÃES FEROZES E ARMAS ASSUSTADORAS’
Quando os protestos se aproximaram da Casa Branca, Trump tuitou que “não podia se sentir mais seguro” uma vez que “protegido pelo Serviço Secreto” de tal forma que “quem quer que ultrapassasse as barreiras seria recebido por ferozes cães e assustadoras armas” e “ficaria, no mínimo, gravemente ferido” e acrescentou: “Muitos agentes do Serviço Secreto estavam apenas esperando para entrar em ação” contra aqueles que se tornassem “muito assanhados ou fora de linha”.
Depois das críticas feitas contra o prefeito de Minneapollis, Jacob Frey, de quem exigiu mais agressividade na repressão aos protestos, Trump partiu para enxovalhar a prefeita de Washington, Muriel Bowser e até a polícia local.
Ela respondeu que “nosso departamento de polícia é para proteger a capital, os que vivem nela e os que a visitam e é isso que está fazendo por estas noites”.
Sobre as bravatas de Trump ela respondeu que no lugar de uma pessoa protegida, na Casa Branca “o que há é apenas um homem assustado, com medo, solitário”.
Ela acrescentou que “precisamos de líderes que reconheçam a dor em tempos de desespero e que possam nos fornecer uma sensação de calma e esperança. Ao invés disso, o que temos nos últimos dias, da Casa Branca, é a glorificação da violência contra os cidadãos norte-americanos”.
“Conclamo a nossa cidade e a nossa nação a que exerçam a contenção mesmo quando este presidente tenta nos dividir. Nosso poder se assenta na paz e em nossas vozes e, finalmente, nas urnas em novembro”, concluiu Muriel.