Dario Messer, o “doleiro dos doleiros”, qualificado como “irmão de alma” pelo presidente Horacio Cartes, recebeu sua cidadania paraguaia do governante. O documento serviu para legalizar durante muito tempo as atividades do “empresário”, incriminado pela Lava Jato e agora foragido.
Aproveitando-se da intimidade do relacionamento, o criminoso solicitou a sua “carta de naturalização” em 25 de setembro de 2013, apenas um mês após Cartes ter sido empossado como presidente. Naquela oportunidade, Messer, que se declara “comerciante”, afirmava que residia no país desde 1993 e apresentava como domicilio a residência situada no Paraná Country Club de Hernandarias, vistoriada no último sábado pela polícia.
Para não restar dúvidas sobre a relação de Messer com o íntimo círculo de poder paraguaio, o pedido foi apresentado pelos advogados Santiago Jure Domaniczky e Francisco Barriocanal Arias, que ocupam hoje, respectivamente, a Direção Nacional de Contratações cas (DNCP) e a Procuradoria Geral da República do país vizinho. Entre outros, a liberação da cidadania leva a assinatura dos ministros José Raúl Torres Kirmser, atual presidente da Corte e Alicia Pucheta, que renunciou dias atrás para assumir como vice-presidente da República.
Um dos requisitos básicos para obter a carta de naturalização é não contar com antecedentes penais, situação que Messer viabilizou com a emissão de certificados especiais expedidos pela Polícia Nacional e pelo poder judicial. No entanto, tanto Messer como sua esposa Rosane foram implicados em diferentes casos no Brasil por lavagem de dinheiro e inúmeros delitos vinculados a casos de corrupção envolvendo particulares e governos.
Na longa lista de crimes em que Messer está implicado, seu nome salta aos olhos na Operação Roupa Suja (2005), no escândalo do Banestado (2005), Operação Sexta-feira 13 (2009) – que emitiu ordem de captura – e Operação Lava Jato.