
Em pronunciamento na abertura do 9° Congresso da Força Sindical, na terça-feira (16), o presidente da central, Miguel Torres, criticou duramente o desgoverno de Bolsonaro pelo comportamento criminoso frente à pandemia e pelas mazelas que assolam o país. “Sem margem para dúvidas, estamos diante do pior governo da história republicana”, disse.
“A Pandemia foi especialmente severa com o Brasil: seu rastro de destruição e morte será uma ferida de difícil cicatrização especialmente pelo fato de que somente chegamos a esta situação por conta da inépcia do governo Bolsonaro, que sempre menosprezou os riscos da enfermidade, os alertas da ciência”, afirmou, ressaltando que “esse comportamento criminoso, potencializou a paralisação econômica, a quebradeira de empresas, especialmente os micro e pequenos negócios, o aumento do desemprego, o retorno do flagelo da fome, mais precarização das relações de trabalho e eliminação de direitos históricos dos trabalhadores”.
Citando o trabalho da CPI da Pandemia do Senado, disse: “temos esperança e permaneceremos vigilantes e em luta para que os responsáveis por esta tragédia evitável sejam acusados, julgados e, se for o caso, condenados pelos crimes praticados contra o país e o povo”.
Para Torres, “vencidos ¾ do mandato de Bolsonaro, o que fica evidente é que este governo, baseado numa pauta econômica ultraliberal e representante dos setores mais reacionários e antidemocráticos da nossa sociedade, fracassou redondamente em dar uma solução social e democrática apropriada aos problemas que mais interessam à maioria do povo e dos trabalhadores”.
“Sua motivação maior é o desmonte do Estado, do serviço público, das políticas públicas no campo da educação, da saúde, da habitação, da previdência social, da política ambiental, da cultura, da assistência social e do apoio aos mais pobres. Em resumo, trata-se de um governo assentado num mix de má política, péssima administração, de desqualificação e incompetência pura e simples”, acusou o líder sindical.
Miguel Torres fez um apanhado da situação econômica do país, citando o desemprego na casa dos 14%, a “severa queda da massa salarial e dos rendimentos dos mais pobres”, a inflação que assombra os lares brasileiros, o alto preço dos combustíveis que, segundo ele, “expõe a irracionalidade de um país que é autossuficiente em petróleo, porém pratica preços absurdos para seus derivados”.
“Somente não causa estranheza o desempenho do setor financeiro, com os bancos à frente, cujos lucros batem recordes, ano após ano”, pontuou.
Falando sobre os efeitos negativos da Reforma Trabalhista de 2017, aprofundados no governo Bolsonaro, e das perdas no movimento sindical geradas pelas mudanças na legislação que atingiram fortemente as organizações sindicais, Miguel Torres conclamou os trabalhadores, suas lideranças, sindicatos, associações e centrais sindicais a se unirem e se mobilizarem para “derrotar o projeto político de Bolsonaro e seus aliados”, e focar “no que é prioritário, construir alianças políticas amplas para ter maior capacidade de negociação, participar da disputa política e eleitoral e eleger uma bancada importante de representantes legítimos dos trabalhadores”.
“O movimento sindical brasileiro, em toda sua história, enfrentou crises e perseguições. Tivemos dirigentes cassados, torturados e mortos. Porém nunca conseguiram acabar com nossos sindicatos e nosso movimento. É essa resiliência, essa têmpera de resistência e combatividade que garante que vamos vencer mais uma vez”, disse.
O 9° Congresso da Força Sindical, que devido à pandemia acontece de forma híbrida (na sede da entidade em São Paulo e através de videoconferências), prossegue até 8 de dezembro, reunindo no espaço virtual delegados, representantes de sindicatos, colônias de pescadores, federações e confederações filiadas de todo o país.
Participaram da mesa de abertura, além de Miguel Torres, João Carlos Gonçalves, o Juruna (secretário-geral), Eunice Cabral (vice-presidente), Eduardo Annunciato “Chicão” (vice-presidente), Sérgio Luiz Leite, o Serginho (1º secretário), Maria Auxiliadora (secretária Nacional de Políticas para as Mulheres), e o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (presidente licenciado).