Força israelense massacra 14 em campo de refugiados palestinos no Líbano e 28 em Gaza

Palestinos e membros da Defesa Civil do Líbano percorrem prédio destruído pelo ataque israelense (Reuters)

Menos de 24 horas após a aprovação no Conselho de Segurança da ONU da proposta dos EUA para Gaza que contém duas linhas sobre a possibilidade do Estado da Palestina, o regime Netanyahu reiterou, perante o mundo, sua condição de irremediável genocida, massacrando 14 palestinos, a maioria garotos, em um campo de refugiados no sul do Líbano e, no dia seguinte, matando outros 28 palestinos, entre eles, 17 crianças e uma mulher, em ataques aéreos à Cidade de Gaza e a Khan Younis, na Faixa de Gaza.

No Líbano, a chacina foi em Ain al-Hilweh, o maior campo do Líbano que abriga refugiados da Nakba – a campanha de limpeza étnica e terror através da qual o moderno Estado israelense foi fundado – e seus descendentes. Em outros ataques contra o Líbano, os fascistas israelenses mataram pelo menos outras duas pessoas e feriram mais dezenas.

Como pretexto para mais esse crime hediondo, o exército colonial israelense alegou ter “mirado” supostos “membros do Hamas”, que estariam “operando em um complexo de treinamento” no campo no Líbano.

Veja detalhes no vídeo divulgado pela Reuters:

O Hamas denunciou o ataque a Ain al-Hilweh como “um ataque brutal ao nosso povo palestino desarmado e à soberania libanesa” e rejeitou as alegações israelenses como “fabricação e mentiras destinadas a justificar sua agressão criminosa.”

Fontes médicas de Gaza relataram à Al Jazeera que pelo menos 28 palestinos foram mortos na onda de ataques israelenses à Faixa, o que o portal árabe classificou de uma das maiores violações do cessar-fogo mediado pelos EUA que entrou em vigor no mês passado. De acordo com um balanço preliminar, pelo menos 77 palestinos também ficaram feridos nesses bombardeios israelenses desta quarta-feira.

Reportando da cidade de Gaza, Hani Mahmoud, da Al Jazeera, disse que os ataques israelenses atingiram três locais específicos, incluindo a área de al-Mawasi, no sul de Gaza, perto de Khan Younis. Israel também atingiu um entroncamento na área oriental da Cidade de Gaza, em Shujayea, cheio de famílias palestinas deslocadas, e um prédio no bairro Zeitoun onde pelo menos 10 pessoas – incluindo uma família inteira – foram mortas. “Um pai, uma mãe e seus três filhos foram mortos dentro deste prédio”, disse Mahmoud, acrescentando que os ataques intensificados estão alimentando o pânico em toda a Faixa de Gaza.

“Já os palestinos de toda Gaza enfrentam horrores diários”, disse o jornalista, observando que os bombardeios israelenses não pararam desde que o cessar-fogo entre Israel e Hamas entrou em vigor em 10 de outubro. “A guerra ainda está acontecendo, e os palestinos continuam morrendo devido à violência contínua.”

O Escritório de Mídia do Governo do enclave pediu que “o presidente dos EUA, Donald Trump, os países mediadores, os garantidores do acordo e o Conselho de Segurança da ONU tomem medidas sérias e eficazes para deter esses ataques, conter a ocupação e obrigá-la a aderir estritamente aos termos do acordo de cessar-fogo e do protocolo humanitário, garantindo assim a proteção dos civis e pondo fim às violações crescentes”.

‘JUIZ, JÚRI E CARRASCO’

Como de praxe, ao perpetrar os bombardeios de quarta-feira, o exército invasor alegou serem em “resposta” a suposto ataque sofrido em Khan Younis, e que os alvos seriam “do Hamas”.

Alegação que o Hamas classificou de “tentativa frágil e transparente de justificar seus crimes e violações” em Gaza. “Consideramos esta uma escalada perigosa pela qual o criminoso de guerra Netanyahu busca retomar o genocídio contra nosso povo”, disse o grupo palestino em um comunicado.

Para o jornalista Nour Odeh, da Al Jazeera, trata-se de que, quanto à suposta implementação da trégua, Israel se deu “o direito de ser juiz, júri e carrasco”.

“Ela julga por si mesma se há conformidade por parte do Hamas com esse cessar-fogo [em Gaza] … e se decidir que não há conformidade, Israel realiza uma série de ataques aéreos contra alvos específicos”, relatou Odeh de Ramallah, na Cisjordânia ocupada.

De acordo com o Palestine Chronicle, o Hamas denunciou que as violações israelenses do cessar-fogo continuaram sem trégua, observando que mais de 300 palestinos foram mortos desde a assinatura do acordo.

O Hamas acrescentou que demolições de casas e o fechamento da passagem de Rafah continuam, descrevendo isso como um “desafio flagrante ao fiador americano e regional.”

O Hamas pediu ao governo do presidente dos EUA, Donald Trump, que cumpra seus compromissos e exerça pressão para conter Israel e forçá-lo a respeitar o cessar-fogo.

A resistência também instou os mediadores — Egito, Catar e Turquia — a cumprirem suas obrigações como garantidores do acordo e obrigarem Israel a suspender suas violações sem demora.

O massacre de Ain al-Hilweh foi também condenado pelo Hezbollah, que denunciou o crime como um ataque ao Líbano e sua soberania, e uma flagrante violação do acordo de cessar-fogo e da Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU.

LÍBANO SOB MIRA

Além do massacre no campo de refugiados de Ain al-Hilweh, forças israelenses, em ataque com drone em At-Tiri, matou o tesoureiro da cidade que estava no veículo e feriu dez estudantes universitários e o motorista do ônibus que vinha logo atrás na estrada. O exército israelense anunciou novos ataques contra quatro povoados no sul do Líbano.

O presidente do parlamento libanês, Nabih Berri, pediu ao governo Aoun que convoque uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU para condenar a chacina e conter novas agressões.

O portal libanês Al Mayadeen fez um resumo da revanche israelense contra o pequeno país do Mediterrâneo, por sua solidariedade aos irmãos palestinos vítimas de genocídio em Gaza. Segundo o Ministério da Saúde Pública, os bombardeios e invasão israelenses mataram mais de 4.000 libaneses desde outubro de 2023, dos quais pelo menos 790 mulheres e 316 crianças. Mais de 16.600 ficaram feridos. Mais de 1,2 milhão de libaneses também foram forçados por esses ataques a deixarem suas casas e a se deslocarem.

Desde que a trégua entrou em vigor em novembro, as forças israelenses mataram pelo menos 121 civis, incluindo 21 mulheres e 16 crianças, no Líbano — que Israel invadiu ou bombardeou inúmeras vezes desde 1948, matando e ferindo dezenas de milhares de libaneses e palestinos.

No domingo, o exército invasor disparou contra a força de paz da ONU no sul do Líbano (Unifil), o que foi atribuído por Tel Aviv “às condições climáticas”.

O porta-voz da Unifil, Danny Goffrey, disse em entrevista à agência de notícias russa RIA Novosti, que a força de paz documentou mais de 7.300 violações do espaço aéreo libanês por Israel desde o cessar-fogo de novembro de 2024, além de 2400 ações militares israelenses ao norte da Linha Azul.

As repetidas incursões israelenses – ele acrescentou – constituem uma clara violação da Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, de 2006. A Unifil também comprovou a violação da linha azul por dois muros construídos por Israel, o que já foi notificado.

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