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Em mais detalhes vindos à tona com a derrubada do sigilo de Mauro Cid no inquérito que investiga o golpe orquestrado por Jair Bolsonaro, foi reforçada a compreensão de que a posição das Forças Armadas contra o golpe foi decisivo para impedir que ele se consumasse.
Principalmente o Exército e a Aeronáutica que se puseram contra a trama, diferente do comandante da Marinha, que apoiou a atividade criminosa.
Segundo denúncia da PGR, os comandantes do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes e da Aeronáutica, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, foram apresentados à minuta e não aceitaram participar do golpe. Já o comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, era a favor, mas condicionava sua participação à presença do Exército, já que, segundo ele, a Marinha sozinha não podia levar adiante o golpe de Estado planejado por Bolsonaro.
“A decisão dos generais, especialmente dos que comandavam Regiões, e do Comandante do Exército de se manterem no seu papel constitucional foi determinante para que o golpe, mesmo tentado, mesmo posto em curso, não prosperasse”, diz o documento assinado por Paulo Gonet. Ele denunciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 33 pessoas pelo envolvimento em um plano de golpe de Estado após as eleições de 2022. Agora, o ministro Alexandre de Moraes vai analisar a denúncia.
Os depoimentos do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), mostram que Bolsonaro insuflou seus apoiadores a criarem um “caos”, visando estimular uma intervenção das Forças Armadas para justificar um golpe de Estado, após não encontrar evidências de que as eleições de 2022 teriam sido fraudadas. O sigilo da colaboração premiada de Mauro Cid foi derrubado nesta quarta-feira (19) por uma decisão do ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Segundo Mauro Cid, Bolsonaro “estava trabalhando com duas hipóteses: a primeira seria encontrar uma fraude nas eleições, e a outra, por meio do grupo radical, encontrar uma forma de convencer as Forças Armadas a aderirem ao golpe de Estado”. Portanto, fica claro que Bolsonaro queria, primeiro, encontrar uma suposta fraude, por isso se reuniu com Walter Delgatti, o ‘hacker’, e, depois, convenceu o PL a entrar com uma ação na Justiça pedindo a anulação de votos de algumas urnas.
Não dando certo a busca por fraude, Bolsonaro queria que um grupo radical criasse uma situação de caos no país para encontrar uma forma de convencer as Forças Armadas a aderirem a um golpe.
A outra opção foi ele sair do país e se refugiar nos Estados Unidos. Segundo Mauro Cid, além dos mais de R$ 70 mil obtidos com a venda das joias árabes, um empresário do “agro” teria bancado a viagem e a estadia de Bolsonaro nos EUA.
Bolsonaro: veja os fatos e não as mentiras está muito claro que as Força Armadas barrou o golpe.