A Ford encerrou suas atividades da unidade de São Bernardo do Campo nesta quarta-feira (30), depois de 52 anos de atuação no ABC paulista e cem anos no Brasil.
Greves e mobilizações dos trabalhadores para tentar barrar a decisão da empresa aconteceram desde que a multinacional americana anunciou a intenção de fechar a fábrica, em fevereiro deste ano, mas o “retorno à lucratividade sustentável de suas operações na América do Sul” falou mais alto.
Os bilionários benefícios e isenções fiscais concedidos para as multinacionais do setor automotivo pelos governos Lula, Dilma, Temer e agora Bolsonaro, com o programa Rota 2030, também não foram suficientes para sensibilizar a empresa a diminuir margens de lucro para manter empregos.
Dos cerca de 2.800 funcionários que foram demitidos ao longo deste ano, 650 metalúrgicos restantes serão dispensados a partir desta quinta-feira (31).
Mil funcionários da área administrativa permanecem na unidade até março do ano que vem, quando devem ser deslocados para escritório da Ford na capital paulista ou, em parte, demitidos.
Mas o impacto do fechamento da empresa na cadeia automotiva, incluindo fornecedores, concessionárias e terceirizados, é muito maior. Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Diesse), ele já vem acontecendo, e com o encerramento total das atividades na região, deve totalizar o desemprego de 25 mil trabalhadores.
A compra da planta do ABC, que vinha sendo cogitada pela Caoa, empresa metade brasileira e metade chinesa, que produz e comercializa carros da Hyundai no país, ainda não foi fechada. Segundo executivos da empresa, faltaria financiamento do BNDES para a conclusão do negócio. A mesma mamata de sempre.